Prédio principal: cuidadoso trabalho de restauração
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Vila Galé recupera imóvel tombado em Ouro Preto e inaugura primeiro hotel do grupo em Minas
Encravado nas serras escarpadas de Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto cortado pelo rio Maracujá, está o novo Vila Galé Collection Ouro Preto, primeiro hotel da rede portuguesa Vila Galé Hotéis em Minas Gerais. O empreendimento está instalado em conjunto arquitetônico, paisagístico e arqueológico de 1775 onde, inicialmente, funcionou o Primeiro Regimento de Cavalaria de Portugal no Brasil e, a partir de 1897, o colégio Dom Bosco.
Todo o conjunto é tombado desde 2014 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG). O hotel será palco do Conexão Empresarial, edição anual, de 10 a 13 de julho. Com um total de 311 quartos – sendo 95 deles no edifício tombado, o hotel conta com dois restaurantes e cinco piscinas aquecidas – uma delas localizada no interior do Satsanga Spa & Wellness. Sete salas de convenções, uma delas com capacidade para 1000 pessoas, auditório para 170 pessoas, capela, biblioteca, sala de jogos, horta pedagógica, lago com pedalinhos, áreas de plantação de vinha e olival. “Recuperar este edifício em Ouro Preto é mais do que abrir um hotel.
É trazer de volta à vida um espaço com história e alma” afirma Jorge Rebelo de Almeida, presidente e fundador do Vila Galé. Uma das marcas do grupo é exata mente a recuperação de construções históricas visando o turismo histórico. Foram dois anos de obras que começaram a partir de um levantamento técnico minucioso, com estudos arquitetônicos, arqueológicos e de engenharia estrutural.
Foram restaurados fachadas, coberturas, pisos originais, elementos decorativos e preservados os traçados arquitetônicos e volumetrias. Cantarias em pedra sabão e outros materiais de valor histórico foram integralmente preservados ou restaurados. Os sistemas hidráulico e elétrico foram substituídos, assim como o sistema de climatização. Segundo o presidente do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG), João Paulo Martins, as obras foram conduzidas a partir do respeito aos critérios de conservação do patrimônio e sob acompanhamento técnico do instituto.
A restauração da fachada original – de ares ecléticos com inspiração art déco – e dos elementos escultóricos do edifício foram pontos altos das obras, que garantiram a autenticidade estética e funcionalidade das estruturas. O brasão de Portugal, esculpido por Aleijadinho, também foi restaurado e hoje é símbolo da integração entre a história e o presente. Como os demais hotéis da rede, o Vila Galé Collection Ouro Preto também é temático.
Os cômodos fazem referência aos elementos culturais e arquitetônicos da região, como a Real Coudelaria, o Santuário do Coração de Jesus e a Igreja de São Francisco de Assis, projetada pelo mestre Aleijadinho. Em cada quarto há a imagem de uma pedra preciosa ou semipreciosa, em referência às riquezas minerais do estado.
O hotel combina a rica cultura da cidade com a sofisticação da rede Vila Galé, oferecendo uma experiência especialmente interessante para o público familiar. Parque, lago com tirolesa, sala de jogos, cinema, brinquedoteca, pista de kart, quadras poliesportivas, spa e discoteca garantem a diversão para pais e filhos.
A intenção é, ainda, desenvolver atividades de ecoturismo e horta pedagógica, aproveitando 15 dos 277 hectares do terreno para o plantio de azeitonas e uvas. O conjunto arquitetônico onde está o Vila Galé Collection Ouro Preto é composto por edificação principal, teatro, mausoléu, residência do caseiro, antiga serraria hidráulica, antiga residência de Augusto de Lima Jr., curral, ponte sobre o rio Maracujá.
A antiga serraria hidráulica, datada do início do século 20, foi a primeira do gênero edificada no Brasil. A ponte sobre o rio Maracujá, que possui sistema estrutural em arcos plenos, está implantada sobre base de pedra no leito do rio. A residência do caseiro é uma construção de valor por seu estilo neocolonial e, assim como todo o conjunto, é de inestimável mensuração para a memória local e estadual o significado das instituições que ocuparam o prédio onde, hoje, está o Vila Galé Collection Ouro Preto.
Diversos foram os usos do conjunto histórico e arqueológico, começando pelo funcionamento, em 1779, do Quartel do Regimento de Cavalaria de Minas Gerais. Em seguida, abrigou a Coudelaria Imperial, um centro de criação e aprimoramento de cavalos de raça, cujo funcionamento deixava boa parte das terras ociosas.
Recebeu a visita de Dom Pedro 2º em 1880, quando foi solicitado que o imperador desse à propriedade uma finalidade social, tendo sido inaugurada em 1889 a colônia agrícola D. Pedro 2º. Com a República, recebeu o novo nome de Cesário Alvim. As Escolas Dom Bosco passaram a funcionar ali em 1896. A instituição perdurou por cerca de um século e seu último uso foi como alojamento de funcionários de uma empresa privada.
