Programação da CineOP inclui 153 obras brasileiras e de mais 6 países
A elaboração de um plano nacional de cinema para a escola é um dos temas que estão sendo discutidos na Mostra de Cinema de Ouro Preto (CineOP), que acontece na cidade histórica mineira desde a noite de quinta-feira (20/6). O evento se encerra na próxima segunda-feira (24/6).
Os gestores e especialistas da educação e do setor audiovisual avaliam como esse plano pode ser construído para se fazer cumprir a Lei Federal 13.006/2014 que, dez anos depois de aprovada, ainda não foi regulamentada.
A lei fixa a obrigatoriedade de exibição de duas horas mensais de filmes brasileiros dentro da grade curricular da educação básica.
“Se essa lei de fato tiver efeito, que é o que a gente torce, como vai se dar a formação dos professores? Como serão as condições de exibição e produção nas escolas? Quem vai escolher esses filmes? Onde esse acervo vai ser consultado?”, questiona a coordenadora-geral da CineOP, Raquel Hallak.
Segundo ela, esta é uma discussão fundamental. “A ideia é contribuir com a construção de uma política pública que vai conectar o cinema com a educação. É um assunto que já vem sendo trabalhado há algumas edições da CineOP. Já chegamos inclusive a editar três livros. Como é que cinema e educação podem se conectar e dar bons frutos?”, acrescenta.
Raquel Hallak lembra que a CineOP é uma mostra cinematográfica que tradicionalmente se volta para a discussão sobre preservação de patrimônio audiovisual. “A gente vai precisar falar sobre os acervos nas instituições, onde estes filmes serão selecionados; as condições de guarda, as possibilidades de pesquisa. E também a metodologia. Como esse filme vai ser explorado? Como o professor vai conseguir levá-lo para a sala de aula e torná-lo não só um atrativo, mas também um instrumento pedagógico por meio da história e das narrativas?”
Consulta pública
Buscando amadurecer a discussão, foram criados quatro grupos de trabalho dentro da CineOP: formação docente, condições de exibição e produção, acervos e curadorias e pedagogias. Eles contam inclusive com representantes de diferentes instâncias do governo, como os ministérios da Cultura, da Educação, dos Direitos Humanos e da Cidadania e a Secretaria de Comunicação (Secom), além de especialistas e pesquisadores que atuam nas áreas de educação, cultura e audiovisual.
Também já foi realizada uma consulta pública para coletar colaborações para cada um dos quatro grupos de trabalho. A programação do evento inclui dois debates abertos ao público. “A partir de todas essas contribuições, vai ser feito um documento que vamos depois entregar oficialmente para o Ministério da Cultura, para o MEC e para os demais órgãos envolvidos”, informa Raquel.
Animação
Referência no calendário cinematográfico nacional, a CineOP chega à 19ª edição dando destaque ao cinema de animação: o gênero responde por 47 dos 153 títulos selecionados para a exibição.
O evento é organizado pela Universo Produção, que também responde pela tradicional Mostra de Cinema de Tiradentes. Foi criado em 2006 com o intuito de suprir uma demanda do setor audiovisual por um festival estruturado em três eixos: patrimônio, educação e história.
Para cada um deles, há uma vasta programação, totalmente gratuita, que mobiliza cineastas, pesquisadores, restauradores, professores, críticos, estudantes e cinéfilos em geral.
São realizados debates, rodas de conversas, oficinas, apresentações musicais, atrações infantis e outras atividades.
No eixo Educação, também ocorre o 15º Fórum da Rede Kino, que congrega pessoas e instituições da América Latina interessadas em ações e em políticas públicas que envolvam cinema e educação.
Buscando beneficiar a comunidade local, a CineOP realiza ainda sessões cine-escola, cine-debates e oficinas para atender a demanda de mais de estudantes e educadores da rede pública de ensino em Ouro Preto.
*Com informações da Agência Brasil