Bruno Ligório: “Existe um ciclo de investimentos contratado, mas ele ainda não aparece plenamente”
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Presidente do Sicepot-MG, Bruno Ligório, espera movimento mais robusto do setor no próximo ano
Fundado há mais de seis décadas, o Sicepot-MG reúne as empresas responsáveis pela construção pesada no estado, obras de infraestrutura que vão de rodovias e pontes a saneamento, contenções, acessos urbanos e intervenções de mobilidade. Além de ser interlocutor técnico junto a governos e órgãos de controle, o sindicato atua para qualificar mão de obra, melhorar o ambiente regulatório e fortalecer a competitividade das empresas.
O Sicepot se tornou, ao longo dos anos, uma referência para quem opera em infraestrutura em Minas. Atua apoiando seus associados em temas jurídicos, regulatórios e contratuais; promove cursos, debates e capacitação; e mantém diálogo permanente com o poder público sobre planejamento, licitações e execução das obras.
Para Sicepot-MG presidente da entidade, esse papel é ainda mais relevante em um momento em que o setor vive “um ano de movimentação moderada, mas de muita preparação”. A leitura de Bruno sobre 2025 é realista: o setor não encolheu, mas também não entrou no ciclo de expansão esperado. Os contratos de concessão — rodoviários e de saneamento — estão firmados, porém ainda em fase inicial. “O pipeline existe e é sólido, mas ainda não virou execução em larga escala”, afirma. Mesmo assim, 2025 precisa ser lido dentro de um contexto maior: o Brasil ainda investe cerca de 2,2% do PIB em infraestrutura, patamar muito próximo da própria depreciação dos ativos.
Não é um cenário de colapso, mas de avanço lento, um ritmo que impede saltos mais robustos. O estoque de capital do país na área está em torno de 35,5% do PIB, quando estudos apontam que o ideal seria algo acima de 60%. Para Bruno, esse descompasso ajuda a explicar por que o setor ainda opera abaixo do potencial, mesmo com concessões firmadas e projetos estruturados. “Existe um ciclo de investimentos contratado, mas ele ainda não aparece plena mente no dia a dia das obras”, afirma. Além disso, limitações de orçamento público e custos mais altos de financiamento mantiveram o ritmo contido.
“As empresas se preparam, mas ainda lidam com margens apertadas e um orçamento que não cresceu na velocidade necessária.” Mesmo assim, algumas frentes avançaram: qualificação profissional, aprimoramento regulatório, maior profissionalização das contratadas e a inauguração do Centro de Treinamento Maurício Roscoe, em Betim, a primeira escola do Senai dedicada exclusivamente à construção pesada, mineração e limpeza urbana.
Apesar do ano mais contido, o setor tem áreas com potencial claro de expansão. Bruno destaca que mobilidade urbana, contenções e intervenções viárias são hoje as frentes com maior chance de crescimento. “São demandas imediatas das cidades, ligadas à segurança e à funcionalidade. Isso tende a ser priorizado.” Os contratos de concessão rodoviária devem entrar em fase mais intensa a partir de 2026, abrindo espaço para duplicações, melhorias e conservação ampliada. No saneamento, o novo marco regulatório mantém uma agenda robusta: expansão de redes, estações de tratamento e drenagem urbana.
“É um mercado que deve ficar cada vez mais aquecido”, afirma. O próximo ano pode trazer algum alívio para o investimento público, especialmente com a adesão de Minas ao Propag. “É uma oportunidade real de recompor parte do investimento público”, avalia Bruno, sempre com a ressalva de que isso depende de escolhas orçamentárias e de gestão. O setor enxerga um ciclo mais forte entre 2027 e 2032, quando concessões e contratos devem atingir o pico de execução. No curto prazo, 2026 tende a ser um ano de transição, mas com sinais mais claros do que o mercado pode esperar. Bruno resume: “2025 é um ano de expansão. É um ano de estruturação. O movimento mais robusto deve vir um pouco mais à frente.”

