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Kurotel, centro de saúde e bem-estar fundado por Luís Carlos e Neusa Silveira em Gramado (RS), chega aos 41 anos conciliando tradição e inovação sob comando das filhas
Quando o casal de médicos Luís Carlos e Neusa Silveira fundaram o Kurotel em Gramado (RS), em 1982, mal sabiam eles que estavam dando início a um verdadeiro legado. Além de se tornar uma referência em saúde e bem-estar ao longo dos anos, incluindo diversos prêmios internacionais, o casal também deu origem a quatro filhas – Rochele, Mariela, Bárbara e Evelise – que se envolvem no dia a dia do Kur (como o local é carinhosamente chamado) desde muito cedo.
“Dentro de uma metáfora, sempre dizemos que o Kur é o irmão que não tivemos. A importância do Kurotel na minha vida é imensurável. Para mim, é mais do que uma herança, é um legado, uma missão. Meu desejo é que, de alguma forma, eu possa contribuir para que este legado se perpetue ao longo do tempo”, afirma a diretora administrativa Rochele Silveira.
Segundo ela, um dos principais desafios de gerir um negócio de família é organizar o papel de cada membro dentro da empresa de acordo com as expertises e habilidades de cada um. “Implementamos um trabalho de governança corporativa em 2014. Temos acordos de acionistas, código de ética, reuniões de sócios, reuniões de conselho bem estruturadas e definição de como e quando a terceira geração entrará de forma atuante no Kur.”, explica.
Além disso, é essencial equilibrar o legado e os ensinamentos trazidos pelos fundadores com as inovações propostas por aquelas que vieram depois. “Mantemos atualizações constantes por meio de viagens, cursos, congressos e trocas de experiências com hubs em diferentes países. Além disso, expandimos a linha de cosméticos do Kur, atualizando as fórmulas e embalagens para deixá-las cada vez mais clean e naturais”, diz.
Esse pensamento inovador inclui as técnicas e aparelhos que chegam aos Kur a cada ano, como o Emface, que promove a produção de colágeno sem a necessidade de agulhas. “Implementamos também o Kur My Home Spa, que permite aos nossos clientes continuarem os tratamentos do Kur em suas casas. Nossos produtos são de alta qualidade e somos a única marca de cosméticos brasileira concebida dentro de um spa médico e testada por equipe multidisciplinar”, garante.
A meta agora, segundo Rochele, é continuar na vanguarda e dar continuidade ao legado dos pais. “Eles, como pioneiros, abriram caminhos para que as pessoas se conscientizassem sobre a importância dos cuidados com o corpo e mente de forma preventiva. Poder trabalhar com algo que faz tão bem às pessoas também faz um bem enorme a nós mesmos. Tenho o privilégio de receber o que meus pais sonharam e me realizar com isso. O Kur é parte de mim”, fala.
Evelise Silveira, integrante do Conselho de Administração e de Família, conta que o pro[1]cesso de sucessão tem ocorrido naturalmente ao longo do tempo. “Aprendemos diariamente com nossos pais, os fundadores, e também com as pessoas que fazem parte da equipe há muitos anos. O fato de ocorrer assim, facilita a descoberta de habilidades e também das dificuldades individuais para que possamos juntos organizar o papel de cada uma”, analisa.
Apesar disso, ela enxerga alguns desafios no processo. “Um deles é o de satisfazer os clientes antigos, mas continuar inovando. O outro é manter a essência dos fundadores, mas fazendo diferente. Sim, porque é necessário se modernizar. O Kurotel é realmente uma estrutura viva, que não só acompanha seus clientes como está apto para atender diferentes gerações que querem cuidar da saúde”, reforça.
E, para inspirar a nova geração composta pelos netos dos fundadores, Evelise afirma que isso é feito no dia a dia da empresa.
“Demonstramos nosso amor pelo Kur no dia a dia e também proporcionamos celebrações especiais com todos eles. Os mais velhos experimentam dias de trabalho em diferentes setores para sabe[1]rem como eles funcionam e fizemos o Seminário Raízes para que os avós e as mães possam contar a história do Kur e suas histórias. Eles terão muitas oportunidades”, aponta.
Já a diretora clínica Mariela Silveira afirma que um dos principais objetivos do Kur continua sendo tratar a saúde de maneira integral e preventiva. “O que mudou nessas últimas quatro décadas é que agora temos mais recursos para reconhecer as situações mais precocemente, fazendo com que a chance de adoecimento seja reduzida. A essência da prevenção, portanto, continua nos guiando”, reflete.
Mariela aponta ainda uma mudança cultural no comportamento dos pacientes. “Quando meus pais implementaram esse conceito, a maior parte das pessoas focava em tratamento das doenças e não pensava em prevenção. Saúde não é apenas a ausência de doença, é também analisar a alimentação, qualidade do sono, exercícios físicos, contato com a natureza, tempo destinado à família e relação com o trabalho”, aponta.
Ela também destaca a tendência a individualizar cada vez mais os protocolos e olhar o cliente como ser único e individual – incluindo testes genéticos para decidir o melhor tratamento para cada um. “Utilizamos medicina baseada em evidência, que se baseia em uma população, e a medicina de precisão, que personaliza o tratamento de acordo com os dados individualizados e potencializa os tratamentos”, afirma.
Bárbara Silveira, responsável pelo family office da família Silveira, afirma que os valores da família e do Kur se confundem e que as irmãs Rochele e Mariela têm feito um bom trabalho de manter o DNA da empresa. “Me orgulho demais delas, são líderes que amam o que fazem e ambas são respeitadas pela equipe pela postura que têm.
Fazem o que pregam e pregam o que fazem. São verdadeiros exemplos”, elogia. Para o futuro do negócio, ela enxerga crescimento e expansão, mas sem perder o jeito especial de atender. “Sempre estamos nos atualizando, em relação à tecnologia e evolução, atendimento, serviços e instalações. O que queremos é que ele cresça, mas mantendo a essência e excelência, por isso temos tanto cuidado aos detalhes. Continuaremos a missão de fazer as pessoas mais felizes, com mais saúde e mais vida”, acredita.
Fundador do Kur, Luís Carlos define o processo sucessório como um “teste supremo” para a empresa e afirma que ele começou muito cedo. “Iniciamos o planejamento de sucessão bem antes de precisar dele. Fizemos de uma maneira gradativa, por meio de planejamento, no qual nossas filhas receberam treinamento e tiveram experiências adequadas. Na área técnica, as filhas médicas atendiam os clientes junto comigo e, na área administrativa, as filhas exercitavam esta função com minha esposa”, conta.
Para ele, o tamanho e a importância do negócio exigiam um processo sucessório muito bem pensado. “Dedicamos tempo e esforço porque sabíamos que isso era fundamental para sobrevivência de nossa empresa e que a sua continuidade dependia do preparo neste processo de sucessão. Levamos em consideração a realidade e os valores da família, a maneira como são tratados os cônjuges, nossa expectativa de vida e o nível de dicotomia entre família e empresa. Nossas filhas receberam bagagem de vida e segurança para seguir adiante. O nosso legado não se refere somente aos ativos, mas sobretudo sobre valores e cultura”, arremata.
