Economia

Crescimento econômico: fatos e opiniões

Crescimento economico

Imagem de jcomp no Freepik

 

             O IBGE mostrou a variação do PIB no terceiro trimestre. Usualmente, a mídia foca na taxa que compara o PIB de um trimestre com o do trimestre anterior. Depois de dois resultados positivos, devido ao impacto da agropecuária, este indicador revela que a economia ficou praticamente estável no período de julho a setembro (0,1%). O ministro da Fazenda correu para afirmar que, neste ano, no entanto, crescerá mais de 3% e os opositores argumentam que a economia parou. Apenas opiniões.

            Para uma melhor avaliação da tendência atual de crescimento da economia brasileira há de se olhar para um período mais longo, a taxa trimestral anualizada, que é a variação acumulada em quatro trimestres consecutivos ante os quatro trimestres imediatamente anteriores.

            Neste século, até o terceiro trimestre de 2008, o PIB teve sólida expansão, interrompida pelo impacto pontual da crise financeira internacional, voltando a crescer em 2010, quando, no terceiro trimestre daquele ano, atingiu a taxa anual mais alta do período (7,5%). A partir daí, a economia foi perdendo força até mergulhar em sua mais profunda recessão (2015-2016), com quedas de -3,5% e -3,3%. Uma nova recuperação teve vida curta, pois, a partir do segundo trimestre de 2020, a pandemia provocou outra recessão. Após retração de quatro trimestres, a economia voltou a crescer, com taxas anuais flutuantes, acima de 2,4% anuais até o terceiro semestre deste ano. E assim, está caminhando.

           Subjacentes ao baixo crescimento médio do PIB e à sua volatilidade estão as inconsistências na condução da política fiscal e a baixa produtividade. Na política fiscal, a contínua geração de déficits orçamentários e o descompromisso com a responsabilidade fiscal geram riscos para a economia e incertezas nos investidores.

           Na produtividade, a tendência histórica de queda foi temporariamente interrompida pela elevação atípica em 2020. E os níveis acima da tendência pré-pandemia, no primeiro semestre deste ano, foram alcançados por causa do crescimento extraordinário na agropecuária. Não se vê nenhuma ação, nem mesmo preocupação do governo e da sociedade, com a irresponsabilidade fiscal, tampouco com a baixa produtividade da economia. Não há razões para se esperar mudanças nos anos vindouros.

Compartilhe