paulo paiva

Paulo Paiva

Professor associado da Fundação Dom Cabral e ex-ministro do Trabalho e do Planejamento e Orçamento no governo FHC

Famílias menores

Fonte:IBGE

          Número de filhos por mulher cai 13% no Brasil entre 2018 e 2022, aponta o IBGE. Pela repercussão, até parece que a taxa de fecundidade (número acumulado de nascidos vivos por mulheres no seu período reprodutivo) varia no curto prazo, como a taxa de desemprego.

         Os mais conservadores logo criticam o comportamento das mulheres e o fim da sagrada instituição do casamento; os mais apressados correm para propor incentivos para que as mulheres gerem mais filhos.

          A história ensina que o comportamento reprodutivo das mulheres mudou com a urbanização e industrialização que inclui, entre outros fatores, queda da mortalidade infantil, vida urbana, renda familiar mais alta, maior escolaridade e, portanto, outras razões nas decisões sobre geração e criação de filhos, e menor influência das religiões. Não é desprezível anotar que as quedas constantes das taxas de fecundidade acontecerem em países de religião protestante, ao passo que se mantiveram relativamente mais altos nas sociedades predominantemente muçulmanas e católicas.

         As novidades no Brasil são a aceleração recente e a composição da queda da fecundidade por grupos de idade. A taxa de fecundidade de adolescentes (10 a 19 anos) caiu 31%, enquanto, no grupo de mulheres entre 40 e 49 anos, aumentou 16,8%. De um lado, está se reduzindo um problema social grave, que é a natalidade precoce, e, de outro, postergando-se a geração do primeiro filho, reduzindo-se assim o tamanho das famílias.

         Para a aceleração da queda da fecundidade importam, sobretudo, fatores socioculturais e políticos, a disponibilidade universal de anticonceptivos, o amplo acesso das mulheres à cidadania e à informação e sua busca para romper a submissão histórica à qual têm sido submetidas.

          No Brasil, a taxa de fecundidade total, que era de 6,3 filhos por mulher em 1960, caiu para 2,3 em 2000, e, agora, está em 1,5. Para a manutenção do crescimento demográfico são necessários, no mínimo, 2,1 filhos por mulher, no final de seu período reprodutivo. Assim, o Brasil perdeu sua força natural de crescimento populacional. As mulheres estão no comando.