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De repente nos deparamos com as imagens de tragédias e catástrofes pelas quais o real irrompe diante de nossos olhos e do qual não há como tomar distância. Não há como fechar os olhos! O real irrompe e escancara as portas do impossível de dizer, em que não há palavras nem argumentos que atenuem o horror diante daquilo que nos coloca frente a frente com o desamparo.
Diante do real das tragédias, todo poder se torna inoperante. E o que circula é o desamparo criando uma via renovada para pensarmos as ações políticas que possam abrir saídas que não sabemos como fazer.
Além da análise política, econômica e do conhecimento que a ciência da natureza nos oferece, isso se instaura na vida psíquica afetando os vínculos inconscientes de forma profunda. As consequências são muito maiores do que se possa imaginar. A política não pode ser pensada como uma mera gestão dos bens ao nos confrontar com a violência de certos acontecimentos.
Frente ao desabamento no plano não só material mas também no psíquico, o que nos resta?
Frente ao desabamento no plano não só material, mas também no psíquico, o que nos resta? O afeto que se abre para os laços sociais é o do desamparo, quando as palavras são insuficientes para refrear a natureza, as ambições e tantas outras paixões humanas.
Freud pensa o desamparo como uma insegurança ontológica que nos leva a uma redução de demandas com relação às figuras soberanas ou milagrosas. E Lacan dirá: o Outro não existe.
Portanto, é daí que nasce uma coragem afirmativa vinda da aposta na possibilidade de converter o desamparo em processo de mudança e de transformação.
É algo dessa ordem que anima a experiência psicanalítica!