gilda vaz

Gilda Vaz

Relações tóxicas

Imagem de wayhomestudio no Freepik

 

           Este termo adquire relevância devido ao mal que algumas relações produzem nos grupos, sejam eles familiares, sejam profissionais, sociais e, paradoxalmente, as relações ditas amorosas. Isso pode levar a enfermidades e até mesmo à morte.

           O que aciona e sustenta esse tipo de relacionamento?

           A psicanálise nos mostra que essas relações tóxicas são aquilo que Freud definiu como perversão. Apesar de ser um conceito teórico, o termo “perversão” se mostra um pouco desgastado pela conotação de maldade que carrega. Não se trata disso.

           Quando dizemos perversão, não estamos falando na perspectiva moral, e sim de uma posição subjetiva nas relações. Trata-se de uma posição predominantemente imaginária, especular que projeta nos outros algo que está em si mesmo.

           O próprio desejo é originalmente perverso, pois se liga aos seres e às coisas como objetos de domínio e propriedade. Tais objetos nada mais são que uma imagem ou extensão do próprio eu de cada um ou a projeção de um objeto primordial, que se quer só seu.

 

APESAR DE SER UM CONCEITO TEÓRICO, O TERMO “PERVERSÃO” SE MOSTRA UM POUCO DESGASTADO

 

         Como isso implica em fixações infantis, as relações são vividas de forma conflitiva e imatura, como amor e ódio, não podendo se realizar nem se largar, pois se teria de admitir a impossibilidade de uma relação completa e a ilusão de que ela é possível.

         O desejo não se define pelo objeto que é o que há de mais variável, e sim pelo verbo intransitivo desejar, que impõe uma posição desejante na vida.

         O poeta Fenando Pessoa diz com sabedoria o seguinte: “O que é doença é desejar com igual intensidade o que é preciso e o que é desejável, e sofrer por não ser perfeito como se sofresse por não ter pão. O mal romântico é este: o querer a lua como se houvesse maneira de a obter”.