gilda vaz

Gilda Vaz

Um respiro …

Imagem de Heyli Jiménez por Pixabay

 

Somos vulneráveis e predispostos a nos colar às velhas e conhecidas ideias. Isso implica que somos esmagados pelas palavras e podemos ficar sufocados, sem fresta para respirar. Isso se chama angústia. Acrescenta-se que vivemos num mundo saturado pela linguagem. Nem sempre o que se ouve é escutado e muitas vezes somos meros repetidores daquilo que ouvimos sem questionar.

A psicanálise foi comparada a um pulmão artificial, que possibilita respirar quando alguma ideia ou pensamento nos obstrui ou sufoca. Podemos pensar a angústia como um sinal de que algo está obstruindo, sufocando como um aperto no peito ou um nó na garganta.

É preciso uma pequena fresta para que algo novo ressoe, como os instrumentos musicais em que o vazio interior faz com que o som ecoe.

As emoções que se escondem por trás das palavras podem ser transmitidas por outras vias, como pelo tom de voz, as ex pressões faciais, o olhar, que podem dizer algo além. Como captar isso no nosso mundo virtual?

Recebemos mensagens em que as palavras vêm secas. Tentamos expressar nossas emoções por meio de emojis, pontos de exclamação, coraçõezinhos etc. Mas existem mensagens mais profundas, mais complexas, que precisam de ouvidos afinados para serem escutadas e que, só assim, podem ser liberadas da prisão da ignorância e do esquecimento a que estão condenadas.

Ouvir além das palavras é o ofício do psicanalista para que cada um aprenda a se escutar e se libertar “daquela velha opinião formada sobre tudo”, como diz a letra da canção de Raul Seixas.