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Ao trazer este tema não estou falando das diversas crenças que povoam a humanidade. Também não estou falando das diferentes igrejas que se distribuem pelo mundo afora. Gostaria de focar na Religião que se escreve com letra maiúscula. Não se trata de algo que existe só no campo da palavra embora seja o que mais se ouve. Fala-se muito e prega-se muito usando-se da oratória para envolver as pessoas.
A Religião está muito além disso e transcende as palavras. Recorremos à etimologia da palavra Religio do latim, que significa religar, reunir. Ora, se existe o prefixo Re é porque algo foi perdido, foi cortado e a religião teria a função de religar. Mas, religar a quê?
A resposta seria: a Deus.
E o que é Deus?
Para responder poderia usar muitos nomes, mas, ainda seriam apenas nomes. A psicanálise por meio do ensino de Lacan ofereceu um outro nome que me parece muito feliz porque não afirma nem nega, mas dá à Deus um estatuto de ex-sistência, para além das palavras, dos nomes, da linguagem. Deus ex-siste num campo que só podemos apreendê-lo na transcendência que nos conduz ao vazio do nosso ser. Talvez seja aí que Ele possa habitar. Assim, cada um formulará sua própria resposta.
Talvez seja aí que ele possa habitar. assim, cada um formulará sua própria resposta
A topologia do templo no sentido arquitetônico evoca a mesma topologia do vazio interior. As paredes que bordejam o grande espaço no interior dos templos nos inspiram vivências espirituais. Por isso o chamamos de a casa de Deus. É esse espaço que, transportado para nossas subjetividades abre as portas para a espiritualidade. Porém, os Templos já não são tão vazios e silenciosos para que possamos vivenciar o clima, os rituais, a música que nos elevaria a uma transcendência.
Podemos também vivenciar isso por meio da arte, da música, da natureza, que como se diz da música de Mozart, são formas de conversar com Deus.
