Nizan Guanaes: “Uma revista de análise é outra conversa”
Publicitário Nizan Guanaes aposta na volta da força da revista impressa
Há até bem pouco tempo, não se imaginava que uma revista, um jornal, ou um livro pudessem ser transportados para a tela do computador. Grandes publicações passaram por crises e tiveram de se adaptar à nova realidade, a de que o mundo cabia em uma caixinha. Mas muitos resistiam a ideia de não poder folhear uma revista, sentir o cheiro do papel, ou sujar os dedos ao manusear o jornal. Parecia que não havia mais futuro para a publicação impressa. Mais de uma geração não leu nem um gibi, que passou a ser peça de colecionadores. Mas, sempre tem “um mas”. As revistas passaram a produzir conteúdos cada vez mais elaborados e mostraram que há espaço, sim, para um trabalho bem elaborado e de qualidade.
Para o premiado publicitário Nizan Guanães, é preciso entender que “a humanidade é cíclica” e nessas voltas, ou nesse “pêndulo”, como ele costuma dizer é que muitas coisas “vão e voltam”. Um exemplo disso, segundo ele, está “nos três jovens, todos com mais de 80 anos, que são Maria Betânia que completa 80 anos nesse ano, Caetano e Gil. Os três lotam estádios em espetáculos dignos de uma Dua Lipa”. Alguns setores, segundo ele, nunca deixaram de publicar revistas com material de suas marcas, não como um catálogo, mas com conteúdos com registros que mostram a essência do produto, com comerciais e matérias.
Outros, no entanto, não conseguem mais se estabelecer no material impresso devido a sua dinâmica, como no caso da revista esportiva Placar. “A dinâmica do futebol é muito rica, muito rápida e por isso é difícil de voltar. Mas uma revista de análise é outra conversa”. O grande problema, na visão de Nizan Guanães, é que o impresso ficou inseguro com o avanço das publicações digitais. Se tivesse “batido o pé”, talvez a situação fosse outra. “O veículo precisa se posicionar, dar uma categoria a ele. É isso que a gente tem que fazer”, ressalta o publicitário. Mas ele provoca e diz que, se fizer uma pesquisa, um levantamento, “vamos ver quantas marcas são publicadas no Brasil. Vamos ver que é uma loucura”
“O VEÍCULO PRECISA SE POSICIONAR, DAR UMA CATEGORIA A ELE. É ISSO QUE A GENTE TEM QUE FAZER”
O reposicionamento no mercado é importante, como a própria publicidade, que teve que se adequar à nova realidade. Segundo Nizan, muitos falam que as pessoas pararam de assistir televisão. “Não é verdade”, rebate. O que acontece é que as pessoas não assistem mais os comerciais, que é outra coisa. A propaganda acontece agora de outra forma e para ele um exemplo é o que acontece na novela Vale Tudo, da TV Globo, “que tem um marketing digital espetacular”.
No seu entendimento, muita coisa será revisada e as revistas entram nesse processo, inclusive com algumas novas ferramentas, como a Inteligência Artificial que, no caso da publicidade, tem sido um instrumento importante para os brasileiros, que “muitas vezes não conseguiam concorrer em filmes, em comerciais com o mesmo padrão dos Estados Unidos. Hoje, a Inteligência Artificial vai nivelar as coisas”. Mas como nem tudo são flores, existem os perigos e segundo ele, “o futuro sempre traz novos desafios”.