Economia

A NÚMERO UM

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Phygital Experience no Aeroporto de Congonhas

Foto:Arquivo Pessoal

 

Com a venda de 29% de suas ações para o UOL, a Neooh caminha para ser a maior empresa de mídia out of home do país. Leonardo Chebly, seu fundador, conta em primeira mão à Viver Brasil parte dessa trajetória

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Cristiano Muniz e Leonardo Chebly: sinergia entre as empresas

         Notícias de fusões e aquisições (M&A) de empresas costumam movimentar o mercado, especialmente quando divulgadas as cifras milionárias. Como bom mineiro, Leonardo Chebly ou apenas Leo Chebly, como é conhecido em Belo Horizonte – foi mais discreto: no início deste mês, o empresário de comunicação anunciou que o UOL havia adquirido 29% da Neooh, uma das três maiores empresas de mídia out of home (OOH) do país. A divulgação, porém, não entrou em pormenores de valores, o que tornou a venda em si ainda mais relevante, além de causar burburinho e especulação nos bastido[1]res, retroalimentando a própria informação.

         A estratégia foi calculadíssima: o objetivo do CEO da Neooh é levar a empresa ao primeiro lugar do pódio no segmento de mídia exterior. A chegada do UOL, em sua estreia neste nicho, representa um passo largo e importante nessa empreitada. Com alcance de mais de 100 milhões de acessos ao mês, o novo parceiro amplia as possibilidades de negociação da Neooh com seus clientes, que poderão complementar as campanhas de OOH com a exposição digital.

        Além disso, o processo de crescimento inorgânico da Neooh também inclui aquisições, e a venda fornece os recursos necessários para isso. Do outro lado, a parceria possibilita ao UOL estender suas campanhas publicitárias on-line para a mídia out of home, diversificando o público e ampliando o alcance. “Ao unirmos nossa cobertura de mais de 30 mil telas em 400 municípios com o potencial mobile do UOL, vamos entregar um produto superior ao mercado e de maior valor aos nossos anunciantes e consumidores”, antecipa o empresário.

        O namoro começou em abril de 2023 – e foi o UOL quem tomou a iniciativa –, em uma reunião com o CEO do UOL, Paulo Samia, e o diretor jurídico e de M&A do portal, Renato Bertozzo, com Leonardo Chebly e o CFO e copresidente da Neooh, Cristiano Muniz. “Desde esse momento, quando começamos a discutir a potencial compra de participação da UOL, percebemos muita sinergia entre as duas empresas e similaridades na visão de futuro para a indústria, unindo o impacto do OOH com a precisão do digital”, pontua Muniz. As negociações avançaram nos últimos seis meses, sem a presença de assessores financeiros. “O processo de venda demorou um pouco, o que foi benéfico, pois permitiu que nos conhecêssemos melhor e estruturar o acordo com calma”, diz ele.

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Cubo do Mercado Livre, no Parque Villa Lobos

        Chebly aponta que a atuação de Cristiano Muniz foi muito relevante para o fechamento da parceria. Os empresários se conheceram em novembro de 2022 e logo marcaram um café no Hotel Emiliano, na rua Oscar Freire, em São Paulo. A conversa fluiu tão bem que se estendeu para o almoço. Na época, Muniz era CEO do grupo ABC da Comunicação, onde havia trabalhado por 11 anos, especializando-se em fusões e aquisições, finanças, estruturação e desenvolvimento de negócios. Chebly fez o convite para a transição, e Muniz assumiu o novo cargo em fevereiro de 2023. “Percebermos de imediato que a complementaridade entre nós era perfeita: Leonardo Chebly é um empreendedor de sucesso, visionário, um comercial nato. A Neooh era o desafio que eu precisava, para poder contribuir no aceleramento de sua estruturação dentro da indústria de OOH”, diz Muniz.

        Para não entendidos, a propósito, as mídias OOH são todo o tipo de comunicação publicitária feita em ambientes públicos, que alcança as pessoas em seus momentos de circulação – elas incluem desde outdoors estáticos a, sobretudo, painéis digitais em LED, dos quais a Times Square é o cartão-postal mais famoso do mundo. Somente em 2023, no Brasil, este segmento movimentou R$ 2,5 bilhões, de acordo com o balanço anual realizado pelo Cenp-Meios, sistema do Fórum da Autorregulação do Mercado Publicitário.

       Ao contrário do que o nome sugere, a Neooh não é novata neste mercado. Suas origens remontam a 1976, quando José Chebly, pai de Leonardo, fundou, em Belo Horizonte, a JChebly, focada, principalmente, em painéis publicitários de aeroportos e terminais rodoviários. Leonardo começou a trabalhar na agência aos 18 anos, quando cursava a faculdade de Direito. Assumiu a direção em 2006, com apenas 15 funcionários. “O Leo é um grande gestor e líder. A partir de seu comando, a empresa deixou de ser regional e familiar para ser uma das líderes do segmento”, pontua o diretor de mercado da Neooh, Gilberto Silva, atuante do grupo desde então e amigo da juventude, dos tempos em que ambos curtiam viajar, especialmente de moto, e disputar rallys de kart.

        Com ideias trazidas da Europa, em lojas-conceito de marcas como Mercedes-Benz e Renault, a JChebly modernizou suas operações, transformando as mídias estáticas em telas high tech, a partir da segunda metade dos anos 2000. “Ainda nos tempos das TVs de plasma, atingimos 300 locais em Belo Horizonte, dentre eles, mais de 40 academias, como a Fórmula, e 40 restaurantes, como o Taste-Vin, o Vecchio Sogno, além de lojas como as da Vivo e da Tim”, relata Leonardo Chebly. O grupo também lançou o portal SouBH, em 2010, com o intuito de prover conteúdo próprio de cultura, entretenimento e lazer; criou a agência Founders, com foco 100% no digital e clientes como a Vale e a Itambé; e, em 2017, capitaneou o hub de inovação Atmosphera, no Vila da Serra, um espaço para conectar investidores, empreendedores e consultores do segmento da tecnologia.

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Ação para divulgação do filme Meu Malvado Favorito

       Em dezembro de 2018, depois de viver quase três anos na ponte aérea entre os aeroportos de Confins e Congonhas, o belo-horizontino Leonardo Chebly mudou-se para São Paulo, no condomínio Alphaville. Apesar de transferir a sede da empresa para Barueri, na região metropolitana paulistana, ele garante manter um forte vínculo com Belo Horizonte, cidade que considera vital para sua identidade. “Preservamos o escritório em Minas, no bairro Santa Efigênia, com 150 colaboradores, mas precisamos fazer esse movimento de ter a presença física em São Paulo para ampliar a captação de ativos e projetos. Também temos escritório no Rio e adquirimos uma empresa em Florianópolis, onde temos uma base relativamente forte.”

A sequência da matéria continuará na próxima publicação…

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