Luciana Rezende

Ano promissor

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Um dos setores que é alicerce para o desenvolvimento do país, a indústria da construção pesada está preparada para um dos períodos mais promissores dos últimos tempos, a partir de 2025. Somente em Minas Gerais, estão previstos mais de R$ 100 bilhões de investimentos em diferentes obras de infraestrutura.

Oportunidade que o empresário Bruno Baeta Ligório, novo presidente do Sindi cato da Indústria da Construção Pesada no Estado de Minas Gerais (Sicepot MG), quer aproveitar para reforçar suas metas à frente da entidade. “Nossa diretoria assumiu a gestão para o próximo triênio com a missão de resgatar o valor da engenharia nas contratações públicas, ajudar as empresas a se reestruturarem e, principalmente, melhorar a qualidade das entregas e das obras públicas contratadas”, destaca.

Nesse cenário, ele aponta dois grandes desafios pela frente: melhoria e modernização da modelagem das contratações de obras públicas e formação e atração de pro fissionais para o setor. “Entendemos que a questão das contratações é um problema sistêmico, mas precisamos ‘seduzir’ especialmente os jovens, mostrando o valor do trabalho e a importância de ser parte da infraestrutura, a locomotiva do país”, argumenta.

Os esforços para capacitação de mão de obra, inclusive, começaram logo nos primeiros seis meses de Ligório à frente do Sicepot MG – ele tomou posse em 26 de junho de 2024. Em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Ge rais (Fiemg) foi elaborado, nesse período, um projeto para desenvolvimento de cursos específicos para a construção pesada.

O resultado é que, já em 2025, será inaugurada uma nova unidade do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) – que é vinculado à Fiemg – em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Nele, serão incluídos campos de treinamentos práticos para a forma ção de operadores de máquinas pesa das, além de diversos outros cursos com foco no setor. “Acredito que a unidade do Senai Betim se tornará referência nacional na formação de mão de obra para trabalhar na infraestrutura”, avalia Ligório. Atualmente, o segmento soma 153,2 mil empregos formais no Estado. Estima-se que para cada vaga aberta na construção pesada, outras oito são gera das na economia.

No tocante às modelagens de contratação pública, o empresário garante que o sindicato está em constante diálogo com os principais contratantes, encaminhando contribuições e percepções. Segundo ele, está em vigor uma nova lei de licitações, que permite inovar, mas “a cultura anterior segue prevalecendo até o momento”. “É um trabalho de médio e de longo prazos. Precisamos envolver toda a sociedade e mostrar que o modelo atual de contratação pública está falido. O menor preço, sem critérios ou sem a devida qualificação técnica da contratada, não é o melhor preço. Não é o melhor para a sociedade. Fazer pregão para contratação de projetos e obras de engenharia sem a devida qualificação dos concorrentes e das contratadas estimulou a participação e a contratação de aventureiros”, lamenta.

Ligório acrescenta que o último levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU) revela que o Brasil chegou a 51% das obras com recursos federais paralisadas. “Além do prejuízo direto apontado no painel do TCU, precisamos refletir sobre aqueles indiretos e incalculáveis à sociedade. Quantas vidas perdi das aguardando melhoria de uma rodo via? Quantas crianças fora da escola por todo esse tempo? O país não pode se dar ao luxo de continuar com o desperdício”, conclui.

O atual momento da economia nacional e mineira, conforme Ligório, abre caminho para mudar essa trajetória, e o Sicepot MG quer ser protagonista e estar na vanguarda das transformações. Para se ter um ideia do que está por vir, Minas Gerais pretende viabilizar diversos projetos de infraestrutura, por meio das indenizações definidas nos acordos re ferentes às tragédias de Mariana e Bru madinho, mas há outras benfeitorias no radar do Estado, com maior volume de investimento concentrado nos próximos sete anos: construção do Rodoanel Metropolitano, relicitação das concessões federais das rodovias BR-040 (Via Mineira), BR-040 (Rota dos Cristais), BR 381 (BH-Governador Valadares), BR-262 (Rota do Zebu), concessões mineiras já contratadas da Via do Café, Triângulo Mineiro e Sul de Minas, expansão do metrô de BH, entre outros. “As empresas mineiras expoentes e precursoras na engenharia nacional estão preparadas e esperando há muitos anos por esse mo mento”, garante Ligório