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DE MÃOS DADAS

Jorge Rebelo de Almeida: Brasil tem potencial para receber 30 milhões de turistas

 

Fundador e presidente do Grupo Vila Galé, Jorge Rebelo de Almeida diz que turismo e cultura precisam andar juntos

 

Empresário de sucesso, o fundador do Vila Galé, Jorge Rebelo de Almeida, comemora os 40 anos em que decidiu investir não só em hotéis, mas resgatando construções históricas e se envolvendo nas cidades onde atua porque, para ele, “é preciso dar um sentido econômico nesses investimentos”. O grupo tem, atualmente, 52 hotéis em Portugal, Espanha, Brasil e Cuba.

Um exemplo dessa sua preocupação está no Vila Galé em Ouro Preto, que já é um sucesso. Segundo Jorge Rebelo, participou do almoço-palestra do Conexão Empresarial, evento pro movido pela VB Comunicação, revista Viver Brasil, blogdopco e jornal O Tempo. Localizado no distrito de Cachoeira do Campo, o local onde funciona o hotel já abrigou o Colégio Dom Bosco e hoje dispõe de espaço com restaurantes, bar, espaço kids e um centro de eventos, atraindo mais turistas e investidores para a cidade histórica mineira.

O próximo passo, agora, é Brumadinho. Encantado com o trabalho “extraordinário” desenvolvido em Inhotim, por Bernardo Paz, Jorge Rebelo acaba de anunciar investimentos na cidade. O Brasil, segundo ele, é um país que tem muitas maravilhas, locais diferentes do resto do mundo, um povo acolhedor, uma rica gastronomia, mas que não consegue atrair os turistas do resto do mundo. Os dados comemorados pelo Ministério do Turismo de “ que procuraram o país mais de sete milhões de turistas até setembro, é um número muito pequeno” diante do potencial do país. Jorge Rebelo lembra que só a Espanha, um país do tamanho de Minas Gerais, atrai 97 milhões de turistas todos os anos.

Para ele, o Brasil tem potencial para atrair até 30 milhões de turistas, mas falta ao país “fazer o dever de casa”. A sua preocupação está sendo levada ao ministro do Turismo, Celso Sabino, com quem mantém um contato direto. Um dos graves problemas é o de transporte que, segundo o empresário português, é caro e ineficiente. O setor ferroviário que é muito desenvolvido na Europa, por exemplo, ficou esquecido no país. “Podíamos fazer viagens de barcos porque o Brasil tem uma costa imensa”, mas que também não é devidamente explorada. As três companhias aéreas que atuam no país se esforçam muito, mas não conseguem atender devida mente, como faz, segundo ele, a TAP, companhia portuguesa que está para ser privatizada.

Outro fator preocupante, segundo Jorge Re belo, diz respeito à falta de segurança jurídica no país e aos longos processos trabalhistas. Esse tipo de situação afasta investidores e reprime os que estão atuando no Brasil O sistema tributário brasileiro também é considerado por ele como “caro e complicado”. Havia uma grande expectativa em relação à reforma tributária, mas a notícia de que o governo vai manter um regime duplo até implantar as mudanças, na sua avaliação, vai atrasar investimentos.

São muitos os problemas observados por Jorge Rebelo, que lembra que nenhum país desenvolveu o seu turismo sem investir em infraestrutura, em hospitais, educação e nos serviços essenciais à população porque são esses mesmos serviços que vão atender aos turistas. “Turismo e cultura precisam andar de mãos dadas. Os governos precisam destinar nos seus orçamentos mais recursos para essas áreas do que em armas”. A ideia, na sua opinião é “ter um investimento que impulsione a cultura local, suas lojas, restaurantes e não atrair apenas lojas que vendem bugigangas para turistas” sem se envolver na vida dos seus moradores. Jorge Rebelo inaugurou recente mente um hotel do Grupo Vila Galé em Belém, no Pará, já para a COP 30.

Esta, segundo ele, é uma boa oportunidade do Brasil se mostrar ao mundo, mas ele criticou a forma como a imprensa brasileira ressalta os aspectos negativos do país. Ao se referir à ope ração no Rio de Janeiro, que causou a morte de 121 pessoas, Jorge Rebelo disse que a Espanha já viveu períodos violentos com terroristas do ETA, mas não fez estardalhaço. O México, que tem uma situação de segurança pública pior do que a do Brasil, recebe 38 milhões de turistas. Não se trata, segundo ele, de impedir que se noticie o que está acontecendo, mas “não deveria ocupar a primeira página do jornal”.

Durante o Conexão Empresarial, Jorge Rebelo também deu a sua receita de marketing. Para ele, a melhor propaganda é a “boca a boca”, que para ele é mais eficaz e “autêntica”.