Saúde

Cirurgia robótica no tratamento de câncer

vb ed290 abril 25 b capa cirurgia robotica

Cirurgião controla robô em um cockpit, médico auxiliar fica com o paciente

FOTO \ ANNE FREITAS

 

Método minimamente invasivo auxilia na precisão do procedimento e reduz complicações

 

Um procedimento cirúrgico menos invasivo, com menor possibilidade de complicações e recuperação mais rápida. Esta é a cirurgia robótica, indicada para o tratamento de câncer de próstata e variações, como as urológicas, ginecológicas, torácicas e em procedimentos de remoção de tumores em diferentes partes do corpo.

Coordenador do serviço de cirurgia robótica da Rede Mater Dei, além de atuar em outros hospitais de Belo Horizonte e Região Metropolitana, o médico Renato Corradi é especialista em uro-oncologia, com 15 anos de experiência, tendo realizado mais de 3.500 cirurgias ao longo da carreira. Segundo ele, a procura pela cirurgia robótica tem crescido muito. Os hospitais que realizam o pro cedimento, além do Mater Dei, são Biocor, Vila da Serra, Madre Tereza, Orizonti e Felício Rocho. O tempo de espera entre a consulta e o procedimento é de aproximadamente 20 dias.

O especialista explica que a maior procura pela cirurgia robótica tem sido para o tratamento de câncer de próstata, que atinge frequentemente homens de 50 a 75 anos. Mas como é indicada também para outras doenças, tem sido grande o número de pacientes mulheres em busca da cirurgia robótica para tratamento dos rins e bexiga. Uma proporção estimada de uma mulher para cada três homens. Até o momento, a tecnologia é utilizada em Minas Gerais apenas pela rede privada, com alguns planos de saúde assumindo parcialmente seus custos.

vb ed290 abril 25 b 1 cirurgia robotica

Em outros estados, há centros de saúde já realizando a cirurgia robótica pelo SUS, como o Inca, o Hospital de Barretos e o Hospital das Clínicas de São Paulo, mas são poucos os casos, por se tratar de um procedimento caro. A cirurgia robótica é um método minimamente invasivo, por videolaparoscopia. São feitas pequenas incisões no abdômen do paciente, injetado gás carbônico e acoplado a um robô, que possui quatro braços mecânicos com pinças bem articuladas, que permitem ao cirurgião a realização de movimentos que mimetizam a mão humana.

Um médico auxiliar fica em contato direto com o paciente durante todo o procedimento para ajudar nas pinças, enquanto o cirurgião principal opera o robô de uma cápsula, semelhante a um cockpit. Na Rede Mater Dei, o robô utilizado é o Da Vinci Xi, um dos mais avançados do mundo. Uma das vantagens da cirurgia robótica em comparação à convencional são os efeitos colaterais que a segunda provoca, como incontinência urinária ou disfunção erétil. De acordo com Corradi, estes sintomas tendem a diminuir com a cirurgia robótica, uma vez que o cirurgião tem uma visão ampliada em até 15 vezes e com imagem em 3D, aumentando muito o detalhamento da cirurgia.

“Por exemplo, você vê melhor os vasos sanguíneos, então consegue controlar um sangramento de uma maneira mais eficaz”, explicou. Além disso, o uso de pinças mais delicadas, com rotação de 360°, permite uma cirurgia mais precisa, menor perda de sangue, menos dor pós-operatória e recuperação mais rápida. O especialista estima que uma cirurgia de câncer próstata, por exemplo, pode durar, em média, de duas a quatro horas. Renato Corradi reforça que o sucesso da cirurgia robótica para o tratamento de câncer de próstata e de outros órgãos vai depender muito do estágio da doença.

“É importante descobrir um câncer num estágio que ainda tem condição de ser tratado. Porque é um câncer que vai estar numa fase inicial. Quanto mais cedo a gente tratar, maiores as chances de cura A detecção precoce é fundamental. Se o câncer é descoberto a tempo, conseguimos acabar com ele sem precisar deixar que se espalhe para outros órgãos”. Esclarece ainda que nem todos os pacientes estão preparados para uma cirurgia como esta. “É uma indicação para casos específicos e nem sempre a cirurgia robótica será a solução por uma questão de saúde do paciente”.

Compartilhe