A previsibilidade exigida pelo mercado dos Estados Unidos tem se mostrado decisiva para a consolidação de negócios liderados por empreendedores mineiros no país. Mais do que boas ideias ou investimento inicial, a adaptação a regras claras, prazos rigorosos e rotinas de gestão estruturadas passou a definir quem consegue crescer de forma sustentável em um ambiente que valoriza método e execução constante.
Esse cenário ajuda a explicar o espaço ocupado por imigrantes no empreendedorismo americano. Dados do American Immigration Council indicam que quase metade das empresas listadas na Fortune 500 foi fundada por imigrantes ou descendentes. Para o economista Tiago Prado, especialista em gestão empresarial com quase duas décadas de atuação nos EUA, o sucesso brasileiro ocorre quando a disciplina se soma à capacidade de solucionar problemas. Segundo ele, o empresário que prospera é aquele que documenta processos, organiza finanças e entrega exatamente o que promete, o que transforma parte do capital brasileiro em investimento externo.
O fluxo financeiro acompanha essa lógica. Informações da Anbima Data mostram que o patrimônio de investidores no Brasil chegou a R$7,9 trilhões em 2025, crescimento de 6,8% em relação ao ano anterior. Para o economista, esse movimento reflete a busca por mercados com menor volatilidade e regras bem definidas. Ele alerta, no entanto, que a falta de controle financeiro costuma ser decisiva para o fracasso, especialmente quando há mistura entre contas pessoais e empresariais, prática considerada inviável no sistema americano.

Créditos: Bernardo Coelho
Inovação e Empreendedorismo
Outro caso é o da Akafloor, empresa de revestimentos em madeira fundada em São João del-Rei, que mantém operação na Filadélfia. A diretora-executiva Sâmia Rossin afirma que o mercado americano, segundo maior consumidor de madeira do mundo, oferece oportunidades para quem consegue escalar produção e atender padrões exigentes. A empresa planeja ampliar a atuação no varejo físico e digital, apostando na combinação entre capacidade produtiva e execução disciplinada, caminho que tem levado negócios mineiros a ganhar espaço de forma consistente nos Estados Unidos.
A presença de imigrantes também se reflete em diferentes camadas da economia. O advogado Vinícius Bicalho destaca que 13% da população dos EUA é composta por imigrantes, percentual que sobe para 18% na força de trabalho e chega a 25% entre empreendedores. Exemplos práticos surgem em negócios como a Magnolia Floria Party, produtora de eventos criada por mineiros e sediada na Flórida. Atuando em casamentos, festas infantis e eventos sociais, o casal responsável pela empresa aponta diferenças culturais, relações de trabalho mais objetivas e negociações diretas como fatores que facilitam o crescimento.
Créditos da Imagem de Capa: Divulgação Akafloor

