Educação

Desenvolvimento emocional

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Ao trabalhar a Educação Não Violenta (ENV) em escolas de BH, educadores apontam que o método ajuda a desenvolver pessoas mais empáticas e capazes de lidar com conflitos

 

Quando o assunto é educação, é comum vermos discussões sobre o uso do celular em sala de aula, o impacto das novas tecnologias e as profissões do futuro. Mas, também é importante pensar no desenvolvimento das habilidades emocionais dos alunos – uma vez que eles estão dentro de um ambiente coletivo e, na vida adulta, precisarão lidar com diferentes tipos de pessoas e situações. Neste contexto, está inserido o ensino da Educação Não Violenta (ENV), que já é realidade em algumas escolas infantis de BH.

Por meio desse método, as instituições ensinam os alunos a expressarem suas necessidades e sentimentos de maneira respeitosa e a ouvir os outros com empatia o que ajuda a criar um ambiente escolar em que os conflitos são resolvidos de maneira construtiva. É o caso da Trilha da Criança, no Anchieta, que atende cerca de 200 crianças de 0 a 6 anos de idade. Por lá, o trabalho voltado para a psicologia positiva começou há cerca de dois anos e envolve alunos, professores e funcionários.

“A educação infantil é desafiadora, por ser um ambiente coletivo em que as crianças passam a conviver com seus novos colegas e professores. Por isso, é importante pensarmos em construir relacionamentos que prezem pelo respeito e pelo cuidado com os sentimentos dos envolvidos. A ENV ajuda as crianças a lidarem com suas emoções e com as dos colegas”, explica Gislaine Caetano Carvalhar, psicóloga, coordenadora e vice-diretora da escola.

Para embasar o trabalho, toda a equipe pedagógica – professores e auxiliares – está passando por uma capacitação com a educadora e terapeuta Amanda Zanetti, tanto para atender às necessidades dos alunos, quanto para incrementar o planejamento, sempre tendo como referência a Base Nacional Comum Curricular. “Junto aos alunos, também temos ações como o movimento da gentileza, a coleta seletiva, a horta da escola, as oficinas de arte e outras estratégias que reforçam a formação cidadã”, conta.

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Na Trilha da Criança, alunos aprendem a gerenciar emoções

Para Gislaine, as emoções têm forte impacto na vida das crianças e influenciam na capacidade de aprender, na resolução de conflitos e na tomada de decisões. “Nós acreditamos que é muito importante trabalhar esse tema desde a primeira infância, para que as crianças aprendam a gerenciar suas emoções e possam, entre outras coisas, demonstrar empatia, expressar seus medos e desejos e estabelecer conexões positivas”, garante.

“O que fazer diante de uma mordida ou uma agressão verbal? Escutar e procurar compreender o contexto dessas atitudes”

Localizada no bairro Castelo, na região da Pampulha, Stella Escola, que vai do ensino infantil ao fundamental, também segue realiza a abordagem humanista e aposta na individualidade junto aos seus mais de 400 alunos. Claudia Cristina Costa, coordenadora pedagógica da escola, aponta a importância da escuta ativa e assertiva dentro da abordagem.

“Significa dar espaço para que as falas e atitudes aconteçam, incluindo os conflitos. Trabalhar as diferenças é algo extremamente grandioso e muitas vezes desafiador. O que fazer diante de uma mordida ou uma agressão verbal? Escutar e procurar compreender o contexto dessas atitudes. Tornar a escola um espaço de compreensão, de empatia e até mesmo da cura de algo que precisa ser mostrado, transformando escutas em práticas respeitosas”, fala.

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Na Stella Escola, há diálogos semanais sobre diversidade de pensamentos e ações

Uma das formas de colocar a ENV em prática é a realização semanal das aulas de Projeto de Vida, em que os estudantes dialogam sobre diversos temas que favorecem a diversidade de pensamentos e de ações. “Além de temas como empatia, flexibilidade e autonomia, trabalhamos o posicionamento individual e as consequências e benefícios desta prática. Ajudamos o aluno a construir sua identidade como protagonista da sua vida escolar e pessoal”, finaliza.

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