Papel de cada cidadão é crucial para eliminar focos dentro e fora de casa
O período chuvoso começou e, aliado ao calor, é o mais propício à proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e Chikungunya. É justamente agora que os cuidados precisam ser multiplicados por todos: moradores e poder público. O Governo de Minas anunciou investimento de mais de R$ 178 milhões para fortalecer o combate às arboviroses nos 853 municípios, que vai incluir o uso de drones.
Mas, atenção: toda a população tem papel crucial neste momento, pois os focos podem ser encontrados dentro das residências e em locais públicos. Basta fazer uma caminhada pelas ruas para avistar pelo menos um recipiente que acumula água parada. Pode ser uma tampinha de garrafa, copo descartável, latinha, ou até sacolinhas de plástico. Tudo isso pode servir de criadouro para o Aedes aegypti depositar os ovos que, com o calor e a umidade, eclodem em larvas e se transformam em novos mosquitos em menos de uma semana.
“A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) está realizando campanhas de conscientização, capacitando as equipes em todo o estado e iniciou os investimentos muito antes do início do período sazonal, para preparar os municípios”, destaca o subsecretário de Vigilância em Saúde da SES-MG, Eduardo Prosdocimi.
Segundo ele, serão repassados mais de R$ 120 milhões para fortalecer as ações dos municípios e R$ 30 milhões para a contratação dos drones que vão auxiliar no mapeamento dos focos. “Além disso, repassamos aproximadamente R$ 28 milhões para aquisição do fumacê”, detalha Prosdocimi.
O subsecretário salienta ainda que todas as ações elaboradas pelo Estado e colocadas em prática nos municípios devem se somar à atuação da população, que precisa se conscientizar sobre a responsabilidade de eliminar os focos do mosquito.
“As chuvas começaram e é o momento de nos mobilizarmos para evitar uma nova epidemia. São só alguns minutos por semana para conferir se nas nossas casas não há locais acumulando água, limpar calhas, tampar as caixas d’água e atuar na prevenção”, detalha o subsecretário.
Em 2024, Minas Gerais vivenciou a pior epidemia de dengue da história, com mais de 1,3 milhão de casos confirmados e mais de mil óbitos pela doença.
Reforço de peso
O Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LirAa), realizado pelos municípios, aponta que mais de 80% dos focos estão localizados nas residências e em áreas externas onde há descarte de entulho, lixo e recipientes que acumulam água parada.
Em novembro de 2023, a SES-MG repassou R$ 15 milhões para que municípios e consórcios intermunicipais de saúde contratassem o serviço de geomapeamento por drones. Esses equipamentos serão utilizados para identificar e monitorar os criadouros do Aedes aegypti em propriedades particulares que estejam fechadas ou em locais de difícil acesso.
Por meio desta tecnologia será possível, inclusive, aplicar o larvicida, auxiliando o trabalho feito pelos agentes de combate às endemias (ACE) em todo o território mineiro. A segunda parcela de R$ 15 milhões deve ser paga até novembro deste ano, completando os R$ 30 milhões de investimento.
De acordo com a diretora de Vigilância de Doenças Transmissíveis e Imunização da SES-MG, Marcela Ferraz, a implementação da política de uso de drones está ocorrendo de forma gradual e, no momento, a maioria das 28 Unidades Regionais de Saúde (URS) do estado está na fase de elaboração dos planos de trabalho.
“Os drones são uma estratégia complementar à atuação do ACE e vão atuar naqueles locais onde o agente não consegue entrar. Esse serviço está em fase de implementação no nosso estado por meio dos consórcios e também de alguns municípios que foram elencados e, em breve, já vão iniciar o mapeamento para identificar possíveis reservatórios e locais propícios para o desenvolvimento do Aedes aegypti”, explica.
Para Cláudia Campos Ferreira, agente de combate a endemias do município de Santa Luzia, na Grande BH, essa tecnologia vai ser mais um braço no combate aos focos, já que alguns moradores ainda são resistentes às visitas e, muitas vezes, os agentes não encontram ninguém nas propriedades particulares.
“O principal desafio que temos aqui no município é encontrar os moradores em casa ou contar com a receptividade deles. Na maioria das nossas rotas, encontramos muitas casas fechadas, porque as pessoas trabalham o dia todo, então, os drones vão nos ajudar muito quando estiverem em operação. Tem moradores que deixam muito entulho e lixo em casa ou em lotes vagos e o nosso papel é orientar a população quanto ao descarte correto e aos cuidados que devem ser adotados para não deixar a água acumular”, pontua.
Norte de Minas
De acordo com a secretária Municipal de Saúde de Montes Claros, Dulce Pimenta Gonçalves, a contratação dos drones para a região foi feita por meio do Consórcio Intermunicipal e o mapeamento vai abranger os 53 municípios da região. No momento, o contrato com a empresa prestadora de serviço foi homologado e será assinado em breve.
“Já estamos incluindo o trabalho com os drones no município de Montes Claros e essa tecnologia vai auxiliar os ACE a identificar os focos nos locais de difícil acesso ou que eles não conseguem entrar. Além dessa identificação, os drones vão aplicar o larvicida, ou seja, vão começar a tratar esses locais com focos, reduzindo o número de larvas e mosquitos circulando na região”, observa.
Dia D
Cada cidadão tem papel crucial para combater as arboviroses e a SES-MG já iniciou a mobilização de todos os municípios, por meio das Unidades Regionais de Saúde, para a realização do Dia D de Combate à Dengue, em 9/11.
Cada município vai operacionalizar ações de acordo com a realidade de seus territórios, a fim de conscientizar a todos sobre a importância de não deixar água parada.