Leitura: investimento em livreiros e também em papelaria
FOTOS: Dione Alves
Marcus Teles, presidente da Leitura, começou a carreira como office boy, aos 13 anos, e hoje comanda uma empresa que projeta encerrar 2024 com 125 lojas
Diz o senso comum que o brasileiro não gosta de ler. Entretanto, o sucesso do empresário Marcus Teles, presidente da rede de livrarias Leitura, aponta para o caminho inverso. A marca está presente em 23 estados brasileiros e no Distrito Federal. Além disso, projeta vender neste ano 12 milhões de livros, crescendo o faturamento em 20% em relação ao ano passado. Sem falar no projeto de expansão: acaba de ser inaugurada uma loja no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, e a expectativa é encerrar o ano com cerca de 125 unidades.
“Geralmente, as livrarias de aeroportos têm as lojas de conveniência, que têm apenas 100 livros, enquanto a nossa contará com mais de 2 mil títulos. Já estamos presentes em outros aeroportos de grande importância para o país, como Congonhas, Galeão e Confins. Muitas vezes, as pessoas ficam muitas horas no avião e querem a companhia de um livro para passar o tempo e relaxar. É um avanço estratégico”, diz.
Nascido em Dores do Indaiá, uma cidade que hoje tem menos de 14 mil habitantes, Marcus é o caçula de 15 irmãos. Um deles, Emídio, foi para Belo Horizonte aos 17 anos e abriu uma livraria na Gale ria do Ouvidor junto com um amigo, em 1967. Três anos depois, a mãe também partiu para a capital mineira com o restante da prole.
“Quando fiz 13 anos, em 1979, comecei a trabalhar meio período com meu irmão. Fui office boy e depois passei a operar o caixa, trabalhei na área de atendimento e vendas, e acabei virando comprador. Um dia, meu irmão foi estudar fora e me colocou como gerente. Mais tarde, ele deu 10% da loja para mim e para outros dois irmãos, Eduardo e Henrique. A partir daí, começamos a desenvolver a livraria em um formato que acabou se perpetuando”, relata.
Inicialmente focada em livros didáticos, novos e usados, aos poucos a marca foi iniciando seu processo de expansão e se aproximando do que conhecemos hoje. Após a Galeria do Ouvidor, foram abertas unidades na Augusto de Lima e na Antônio Carlos. Segundo Teles, desde 1990 a Leitura não passou um ano sem abrir uma nova loja. “Um dos maiores acertos foi o investimento em livreiros, que conhecem o público e direcionam melhor o acervo das lojas. Outro acerto foi apostar em papelaria, que representa 29% das vendas”, diz.
O empresário também aponta que a venda de livros digitais não assusta, uma vez que, por enquanto, representa somente cerca de 8% do total. “O grande desafio, na verdade, é a questão de comprar livros físicos pela internet. Mas, conseguimos nos posicionar como a segunda maior rede do Brasil em vendas on-line, perdendo apenas para uma multinacional que, muitas vezes, vende com prejuízo”, analisa.
Para 2025, ele revela que o plano é continuar crescendo mais de dois dígitos. Porém, a ideia é diminuir o ritmo de expansão. “Queremos abrir sete lojas. Nos últimos anos abrimos cerca de 10 a 12 unidades por ano, devido ao fechamento de várias livrarias, o que gerou mais oportunidades. Vamos voltar ao plano original de abrir sete e fechar uma. Todo ano fechamos uma loja que não vende bem e isso tem sido importante para o nosso crescimento. Errar é normal, mas não dá para insistir no erro”, ensina.
Apaixonado pelo ramo, Teles aposta em um futuro promissor, apesar de todas as dificuldades enfrentadas. “Não é um ramo fácil, mas é muito prazeroso, pois traz boas energias, alegrias e muito conhecimento. Por isso, acreditamos sim que as livrarias têm futuro”, arremata.