Cultura

Livro sobre a trajetória de Victor Dequech será lançado neste sábado

Victor Dequech com indios na Amazônia   acervo Murillo Abreu

Obra tem como destaque a Expedição Urucumacuan, na selva amazônica

As aventuras vividas pelo engenheiro e geólogo paranaense Victor Dequech na Amazônia, em busca de ouro, estão registradas no livro “Victor Dequech e a Expedição Urucumacuan – A história de um brasileiro visionário”, que será lançado neste sábado (13/4), na Livraria da Rua, na Rua Antônio Albuquerque, 913 –.

O livro, iniciativa da filha de Victor, Moema Dequech, que ficou com a guarda da documentação deixada pelo pai, falecido aos 95 anos, mostra a saga do homem visionário que começa com a imigração dos pais libaneses para o sul do Brasil, passa pela Expedição Urucumacuan e se consolida com a criação da Geosol, hoje uma das grandes empresas do mundo do setor de sondagem e prospecção geológica.

A vida do paranaense se cruza com Minas Gerais quando ele ingressa na Escola de Minas de Ouro Preto, onde se formou como engenheiro de minas e civil. Graduado, começa sua carreira profissional como geólogo no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), órgão ligado ao Ministério da Agricultura no governo Getúlio Vargas. Logo veio a oportunidade de participar da Expedição Urucumacuan, sua grande aventura na Amazônia, e que agarrou aos 25 anos.

Curioso nato por todos os assuntos, com capacidade de liderança e a coragem típica da juventude, não pestanejou quando soube que precisavam de um engenheiro na expedição que procuraria ouro no vale do rio Guaporé, hoje estado de Rondônia.

Como o livro relata, havia uma lenda que Urucumacuan seria o Eldorado Amazônico. A região onde futuramente seria o estado de Rondônia guardava jazidas de ouro, protegidas pela floresta e seus povos originários. A expectativa era que o ouro encontrado poderia pagar a dívida externa brasileira.

Nessa busca, que durou dois anos, e se revelou infrutífera, Dequech conviveu com tribos indígenas ainda intocadas pela civilização e enfrentou muitos desafios: a densidade da selva, comunicação ineficiente da época, alimentação exótica, animais perigosos, além das dificuldades para conduzir trabalhadores e equipamentos de pesquisa através dos rios encachoeirados e dos “colchões de capim”, que dificultavam a navegação.

Registrou, às vezes em tom poético, às vezes com acento pragmático, mas sempre com minúcias de detalhes, cada etapa da expedição, pontuando tanto os aspectos técnicos – a geografia, as ocorrências minerais, os levantamentos geológicos – quanto os humanos e antropológicos, incluindo ainda a fauna e flora, a natureza exuberante à sua volta.

Um capítulo do livro registra a relação de Victor com os índios, por quem nutria o maior respeito. Ele amava a cultura indígena. “Ele tinha a intenção de escrever um livro sobre sua experiência na selva amazônica, deixou prontos 11 artigos baseados em seus diários da expedição, quatro deles publicados no jornal Alto Madeira, de Porto Velho, mas não conseguiu publicar sua história em vida. Estou muito feliz de poder realizar o sonho dele agora, com o apoio da Fundação Victor Dequech (FVD)”, explica Moema.

CAPA VD

No acervo do pai, ela encontrou várias caixas contendo um extenso material: diários de viagem, relatórios para o DNPM, mapas, fotos, entrevistas, telegramas trocados durante a expedição, artigos que escreveu sobre esse período, entre 1941-1943.

Empresário

Em 1971, promoveu a primeira alteração do estatuto da Geosol, empresa que fundou em 1953, adotando a distribuição meritocrática de ações para os empregados que se destacavam no exercício das suas funções. A preocupação com o social também esteve sempre presente.

Otimista, deixou contribuições generosas em vários setores. Seu maior legado foi criar uma cultura de desenvolvimento da pesquisa geológica, convencendo as empresas mineradoras da necessidade de se fazer essas pesquisas orientadas por geólogos. Inovou também criando o primeiro laboratório do país especializado em análises geoquímicas e, para isto, importou equipamentos valiosos, os mais avançados naquela época.

Com 304 páginas, o livro se destaca pelo belo design gráfico, registro de fotos de época em preto e branco, texto ágil e saboroso cadenciado por uma história de vida fascinante.

A renda obtida com o lançamento do livro será revertida para o Lar dos Meninos São Vicente de Paulo. A organização editorial da obra é de Guilherme Horta, com produção de textos de Bianca Alves e colaboração de textos de Sávio Grossi. A redação final é de José Eduardo Gonçalves.

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