Desculpem se estou sendo repetitivo, mas faltando menos de três meses para as eleições municipais, não posso deixar de evocar Ulisses Guimarães, figura maiúscula da política brasileira, e sua advertência sobre a degradação da política brasileira: “Tá achando que a representação política brasileira tá ruim? Espere para ver a próxima eleição”.
Tinha razão o velho mestre. A cada eleição cai o nível da nossa política. A cada eleição nós eleitores escolhemos, especialmente para nos representar nos Legislativos – mas também nos diferentes níveis do Executivo – políticos(?) mais despreparados e sem qualquer compromisso com a coisa pública. Somos nós que fazemos as escolhas e, depois, ficamos a criticar os políticos e, que os céus nos protejam, falando em regime totalitário como a solução para nossos problemas, entre eles a corrupção e a impunidade. Como se a história recente não mostrasse exatamente o contrário.
A cada eleição nós eleitores escolhemos políticos (?) mais despreparados e sem compromisso com a coisa pública
O exemplo mais recente do erro de nossas escolhas está na aprovação, na Câmara dos Deputados, da PEC que perdoa todas as sanções tributárias de partidos com prazo de inadimplência superior a cinco anos, incluindo multas por não cumprir cota de negros e mulheres. Perdão que chega perto de R$ 1 bilhão a quem descumpriu a lei, usou mal dinheiro público e mostrou descompromisso com a seriedade e a honestidade política. Quem aprovou? Quem colocamos lá.
Em poucos dias estaremos voltando às urnas para escolher quem vai cuidar de nossas cidades, nossas casas. Pensem bem. Não faça de seu voto uma arma contra você mesmo. Escolha bem. Não deixe piorar o que já está ruim. É pensar que se votamos mal não temos a quem culpar. Essa é a realidade.