Gastronomia

Nova vinícola mineira prepara chegada ao mercado

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Sul de Minas desponta como novo polo de produção a partir da utilização da dupla poda da videira.

Os apreciadores de bons vinhos terão mais uma opção na carta mineira. Uma nova marca de vinhos de inverno produzidos em Minas Gerais se prepara para a chegada ao mercado consumidor a partir de 2024. O Alma Mineira, de propriedade do engenheiro agrônomo Welles Pascoal, tem o vinhedo em Senador José Bento, município do Sul de Minas.

A região, tradicional produtora de café, tem se despontado como um novo polo vitivinícola, por meio da utilização da técnica de dupla poda da videira, propagada pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).

Apaixonado por uvas e vinhos, Pascoal conta que visitou vinícolas do mundo todo durante os 38 anos que trabalhou em uma multinacional norte-americana. Ao se aposentar, começou a pensar em nova ocupação, algo que preenchesse o tempo e também fosse prazeroso.

“No primeiro momento, como todo bom mineiro, veio a ideia de um laticínio, queijos. Comecei a pesquisar sobre a atividade e vi que não era o que eu queria. Aí veio a história do vinho, fiquei sabendo da tecnologia da dupla poda que a Epamig tinha desenvolvido para o Sul de Minas Gerais”, conta.

Dono de algumas propriedades na região, Welles Pascoal vislumbrou a possibilidade de investir na nova atividade em Senador José Bento. “Pensei, dá para fazer uma coisa legal aqui. Tenho solos de alta fertilidade, que foram cultivados com café por muitos anos e um clima muito propício. O nome ‘Alma Mineira’ veio do gosto pela sabedoria popular mineira, da simplicidade e ao mesmo tempo da profundidade de espírito e sabedoria de muitos mineiros especiais com os quais tive oportunidade de conviver”, explica.

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Fotos: Diego Vargas/Seapa

Inversão do ciclo

A tecnologia de dupla poda da videira consiste na inversão do ciclo produtivo da planta, por meio da realização de duas podas anuais (em janeiro e agosto), que possibilitam a alteração da época de maturação e colheita das uvas para o período de inverno, quando o tempo nas regiões cafeeiras do Sudeste brasileiro é mais seco, com menor incidência de chuvas e elevada amplitude térmica (diferença de temperatura entre o dia e a noite).

A prática começou a ser testada pela Epamig e produtores no início da década de 2000 e tem resultado em vinhos de elevada qualidade. “Os vinhos de inverno produzidos no Sudeste do Brasil têm padrão de qualidade reconhecido em concursos nacionais e internacionais. Fator que chamou a atenção do setor produtivo que vem investindo na formação de novos vinhedos e na construção de vinícolas.

Hoje, já encontramos vinhedos em diferentes mesorregiões de Minas, além de áreas produtoras nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, na região Centro-Oeste do Brasil e na Chapada Diamantina”, destaca a coordenadora do Programa Estadual de Pesquisa em Vitivinicultura da Epamig, Renata Vieira da Mota.

Vitinicultura Diego Vargas Seapa

Do experimento ao empreendimento

Welles Pascoal afirma que começou o plantio de videiras para produzir vinhos para o consumo próprio. “A minha ideia era presentear os amigos e confraternizar com a família. Plantei os primeiros mil pés de uva Syrah para conhecer. Mas me apaixonei pela cultura e vi que aqui tinha potencial para mais”.

Na propriedade, situada em uma área com altitude entre 800 e 950 metros, são cultivadas uvas Syrah, Sauvignon Blanc e Cabernet Franc. “Este ano vou plantar Marselan, Cabernet Sauvignon, Petit Verdot e Viognier e chegar a uma área plantada entre 13 e 14 hectares de videiras. Próximo daqui, em uma altitude de 1.200 metros, posso plantar uvas para espumantes, que será o próximo passo da Vinícola Alma Mineira”, adianta Pascoal, acrescentando que os primeiros vinhos da marca devem ser comercializados a partir do próximo ano.

“Esta será nossa terceira safra, a primeira comercial. Para o próximo ano, teremos dois rótulos de Syrah, sendo um Gran Reserva, Sauvignon Blanc e também um Syrah Rosé. Este ano nosso plano é concluir a implantação da vinícola e para 2024 vamos trabalhar na instalação de um hotel boutique e de um restaurante, criando então a estrutura para o enoturismo. Queremos produzir cerca de 100 mil garrafas por ano e ser reconhecidos pela qualidade e excelência de nossos produtos. Produzir vinhos excepcionais, que encantem os apreciadores mais exigentes”, define.

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