Economia

Novo polo comercial

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Pátio Belvedere: unidades conectadas pela praça

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Street malls tomam conta do Belvedere prometendo experiências além das compras

 

Em um híbrido entre centro comercial e espaço de convivência, os street malls ou strip malls shoppings de rua – são a bola da vez. Este tipo de empreendimento vem se consolidando como tendência no Brasil e, em BH, o bairro Belvedere mostra-se propício ao modelo. Região de alto poder aquisitivo – de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a renda média deste morador é de R$ 10 mil – o bairro proporciona fácil acesso à Zona Sul de Belo Horizonte e a Nova Lima (Vale do Sereno) e conta com ruas amplas, arborizadas em um ambiente urbano de qualidade.

“Da época da Sloper (loja de departamentos no Centro), passando pela Savassi, a cidade viveu um adensamento populacional e, hoje, o Belvedere é o centro comercial da zona Sul de BH, com um boom deste tipo de empreendimento ”, afirma o diretor da Valore Imóveis, Flávio Assumpção Galizzi, referindo-se aos street malls. Ele é o responsável pela locação do Botânico Shopping, street mall novo em folha, localizado na rua Jornalista Djalma Andrade, com previsão de inauguração em junho e já 90% ocupado.

O centro comercial promete espaços integrados à natureza, conveniência, paisagismo exuberante e uma praça central com eventos musicais, esportivos e gastronômicos. Para ocupar uma loja no Botânico Shopping o lojista deve prever, entre outros investimentos, valor do condomínio calculado em R$ 55 o m², e o custo total de ocupação (CTO), que está em 330,00 por m².

Gabriel Guimarães, CEO da Pentagna Incorporadora, prevê o início das obras do street mall Mirante Belvedere para junho. A estrutura será construída na avenida José Maria Alkimin, endereço que é entrada e saída do bairro, com grande fluxo de carros e pedestres. Com três pavimentos, “o terceiro andar já está 100% alugado para um restaurante de São Paulo, que ainda não podemos divulgar, mas que certamente será um atrativo importante para a área”, sinaliza Guimarães.

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Sua incorporadora foi responsável pela construção de outro street mall, o Pátio Belvedere, complexo de quatro empreendimentos independentes ao redor da praça Arquiteto Ney Werneck. Aprovados separadamente, as unidades se conectam através da praça, que a incorporadora assumiu como área de lazer.

A integração com o espaço público é apontada por Gabriel Guimarães como um dos grandes diferenciais do mall. “Investimos na revitalização do parquinho infantil e em um novo paisagismo, reforçando nossa proposta de urbanismo afetivo. A praça hoje é viva, frequentada por famílias, crianças, esportistas, com aulas ao ar livre. O parquinho é a grande atração nos finais de semana.” Jabuticabeiras de oito metros e pitangueiras foram preservados para serem o coração verde do Pátio Belvedere, onde também está localizado o Instituto Ivo Faria, que realiza casamentos, batizados e eventos corporativos.

“Adotamos o conceito das lojas garden, espaços comerciais voltados para jardins internos, e não para a rua. Isso permite um tipo de co mércio mais reservado, sofisticado, que valoriza a experiência e a tranquilidade do ambiente”, comenta Gabriel. Para ele, outra vantagem do centro comercial é a praticidade para o consumidor que quer resolver a vida em um único lugar, sem a necessidade de entrar em grandes estruturas ou caminhar longas distâncias, podendo contar com serviço como manobrista em um mix variado que compreende de vestuário a gastronomia, passando por eventos e serviços de bem-estar.

Os centros comerciais de rua têm origem nos Estados Unidos, por volta da década de 30, quando publicações como a Architectural Record começaram a criar modelos de strip malls que já continham elementos arquitetônicos como decoração e jardins. Nos anos 50 os designers aperfeiçoaram as funcionalidades da estrutura.

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Também chamados de open mall, estes empreendimentos costumam ter projetos arquite tônicos que integram áreas internas, externas e até espaços públicos. As fachadas, dispostas em linha (strip, faixa) com grandes janelas e vitrines proporcionam visibilidade de produtos e dispensam placas, letreiros ou interferências visuais na fachada.

O privilégio é ter plantas, vidros e elementos naturais como madeiras e cimentos aparente ornado a edificação. Por terem estruturas reduzidas em relação aos shopping centers tradicionais, estes strip malls são projetados para circulação ágil a pé ou de carro; se o cliente não entende logo como acessar produtos e serviços, ele pode passar batido e nunca mais voltar, principalmente se estiver de carro.

Então, as entradas precisam ser de fácil acesso, ter ótima visibilidade e estarem livres de obstáculos. Os estacionamentos são projetados de forma que os clientes encontrem logo uma vaga em frente à loja de seu interesse. É ou não é um baita conforto? Do vislumbre de praticidade em ter lojas diversas, serviços e alimentação reunidas nas principais vias da cidade, os strip malls revelaram-se econômicos no aproveitamento do espaço e eficientes em ofertas de conveniências.

Por isso, o comportamento de consumo nestes ambientes costuma ser diferente do varejo convencional porque são criados respiros no consumo e no cotidiano: um tempo para tomar um café, passar naquela confeitaria ou conferir as frutas frescas do simpático marché. Tudo a pé, no mesmo corner. “Eu mesma sou atraída por este tipo de consumo, onde há uma experiência, um prazer, uma motivação para a compra. Ir a um lugar onde se tem atendimento primoroso, trabalho autoral, um jardim bonito.” Quem fala é a empresária Elisa Atheniense, reconhecida pelo trabalho artesanal na criação de bolsas, acessórios e itens para decoração e casa.

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Com produtos em mais de 70 pontos de venda no Brasil, ela integra o mix de lojistas do Botânico e foi curadora das marcas de moda que irão ocupar os 450 m² projetados em S pela arquiteta Ana Bahia para sete marcas que têm posicionamento de mercado semelhante. Elisa lembra que nenhum dos lojistas do espaço faz parte de grandes cadeias de lojas. A Roma Panetteria está fresquinha e não é exagero dizer que também acabou de sair do forno: está aberta há apenas duas semanas e nasceu de um desejo de aconchego, contou a proprietária Bianca Guimarães, sócia do marido Gabriel Duarte, no empreendimento.

Ela conta que optou por um street mall exatamente para que a loja fosse voltada para a rua, de modo a facilitar o acesso aos clientes. Bianca queria um lugar gostoso, com música agradável e um atendimento diferenciado. “Nosso projeto foi feito com todo cuidado para trazer a sensação de conforto em uma casa com pendentes em crochê, móveis de madeira maciça, pães e cafés quentinhos!”, conta a feliz proprietária. Esta ideia de aconchego, sensação que guiou Bianca no desenvolvimento de seu plano de negócios é o que os estudiosos costumam chamar de consumo por experiência. Esta modalidade compreende fatores que podem ser intangíveis como simpatia e outros mais tangíveis, como decoração para conferir valor ao produto.

Nesta experiência de consumo pode morar importante fator de sucesso de um empreendi mento – seja ele de qual segmento for – na medida em que uma boa experiência tende a ser repe tida, o que fideliza clientes. Cliente fiel é venda garantida. Henrique Bianchini Cunha, sócio da Track & Field – marca de roupa esportiva com 19 lojas, presente em todos os shoppings da cidade e com dois outlets – conta que abriu unidade no Pátio Belvedere exatamente por ser um street mall em área de prática de esporte e corrida ao ar livre aliado a mudanças de comportamento percebi das pelo empresário: “O bairro Belvedere mudou muito após a liberação do comércio e vem recebendo a população de Belo Horizonte. Gente que procura prática esportiva em um ambiente seguro, com muita vegetação.” Ele se refere à aprovação do projeto de lei 857/2024, em setembro do ano passado, que alterou o Plano Diretor da capital, flexibilizando atividades não residenciais em Áreas de Diretrizes Especiais (ADE) do bairro, permitindo novas formas de ocupação do bairro.

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A cabeleireira Flávia Menicucci, do salão Jacques Janine, também está de malas prontas para o Belvedere após quase 20 anos no mesmo endereço ao observar mudanças de comportamento na clientela: à medida que foram formando família, seu público optou por serviços mais próximos às residências. “As clientes demandaram estarmos mais perto delas. Optei por um street mall porque assim tenho a segurança do shopping com a sensação da maison que a cliente busca”, revela Flávia.

Ambiente arborizado, muita madeira, espelho d’água, spa, isolamento acústico e excelentes restaurantes completam o cenário do mall. A ideia do consumo baseado na experiência já foi desenvolvida por filósofos como Gilles Li povetsky, que sugere que a busca por satisfação e felicidade vai além do acúmulo de bens, e se direciona para a busca de sensações. Significa que as pessoas procuram mais valor em momentos, atividades e interações do que em objetos mate riais como forma de desfrutarem de uma vida mais rica e significativa. E os street malls, com suas áreas de convívio, ilhas de conforto e serviços diversos a poucos passos caem como luva!

OUTROS STREET MALLS NO BELVEDERE

Terrazzo Belvedere Mall: Investimento pre visto de R$ 22 milhões, da construtora Essence Engenharia. Valor Geral de Vendas (VGV) estimado em R$ 34 milhões, o empreendimento será na avenida Celso Porfírio Machado. Avenue: É da imobiliária Pitchon Imóveis o street mall de alto padrão Avenue, também situ ado na avenida Celso Porfírio Machado e construído em parceria com a construtora RMG Empreendimentos.

Foram investidos cerca de R$ 30 milhões na aquisição do terreno e na construção do imóvel, segundo foi informado pelo CEO e fundador da Pitchon Imóveis, Ricardo Pitchon. O mall não conta com praça de alimentação. NS Mall: Com investimentos divulgados na ordem de R$ 100 milhões e espaço para locação de 100 lojas, o conceito por trás do NS Mall é a experiência de compra baseada na satisfação de estar em um local elegante, acolhedor, com um mix diversificado de produtos.

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