Cultura

Prepara a pipoca e o quentão que lá vem o Arraial de Belo Horizonte

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Quadrilhas estão nos arranjos finais para a grande festa

A 45ª edição do Arraial de Belo Horizonte está chegando e será realizada nos dias 20, 21, 27 e 28 de julho, no Mineirinho. O evento contará com muita música, comida e um dos pontos altos da festa: as apresentações das quadrilhas.

Quem acompanha esses espetáculos muitas vezes não conhece as diversas etapas de preparação, como a elaboração do conceito, coreografia, cenário e figurino. Para uma apresentação de 25 minutos, muitos grupos dedicam até um ano de trabalho.

Igor Silva, diretor artístico da Quadrilha Pipoca Doce, conta que a primeira etapa é a escolha do tema. “Nossa preparação começa com muita antecedência. Primeiramente, nos reunimos para definir o tema e pesquisar as melhores formas de levá-lo ao tablado. A partir daí, começamos a planejar o figurino, construir a sonoplastia e desenvolver a coreografia. A última etapa é a composição das alegorias. Para montar uma apresentação de 25 minutos, podemos levar até um ano para consolidar tudo”.

O cuidado faz a diferença, já que as quadrilhas são avaliadas minuciosamente pelos jurados, que consideram os seguintes quesitos: conjunto, coreografia, caracterização, marcador e casal de noivos.

Os ganhadores do Grupo Especial levam para casa prêmios de R$ 17.500 (1º lugar), R$ 15.300 (2º lugar), R$ 13.000 (3º lugar) e R$ 10.700 (4º lugar). Os vencedores do Grupo de Acesso recebem R$ 14.800 (1º lugar), R$ 12.500 (2º lugar), R$ 10.300 (3º lugar), R$ 8.000 (4º lugar) e R$ 5.800 (5º lugar).

Cada quadrilha inscrita e habilitada no Concurso Municipal também recebe um auxílio financeiro de cerca de R$ 30 mil.

Figurinos

As quadrilhas do Arraial de Belo Horizonte são conhecidas pelos seus belos figurinos que encantam os espectadores. Igor explica que, na concepção das vestimentas, são considerados aspectos tradicionais, como os babados em camadas, o xadrez e o uso de chitão, para depois desdobrar o visual conforme o tema escolhido para a apresentação daquele ano.

Os looks são guardados a sete chaves para que o público não os conheça antes da hora. “Este ano, nossos dançarinos conheceram o figurino dois meses antes do Arraial. Fizemos uma festa de lançamento, mas recolhemos os celulares de todos para que nada fosse filmado ou fotografado”, explica.

E haja tecido, linha e suor para deixar as damas e as noivas prontas. Um único vestido de quadrilha pode levar até 600 metros de tecido franzido e requer, em média, dois dias de trabalho para ser finalizado. Além de belos, os figurinos precisam ser leves para não atrapalhar a performance dos dançarinos.

Coreografias

A execução dos passos e movimentos tradicionais juninos, a ocupação uniforme do espaço e o ritmo da música e da dança são fundamentais para a harmonia dos grupos. Responsável por esses movimentos, o coreógrafo junino cuida da criação dos passos e dos ensaios para que as quadrilhas brilhem nos dias das apresentações.

Além disso, os coreógrafos precisam ter uma noção precisa do tempo, entender as movimentações e os efeitos da dança para elaborar coreografias dinâmicas, em harmonia com o tema e o grupo.

Coreógrafo da Quadrilha Feijão Queimado há 16 anos, o professor de Educação Física Rafael Eduardo comenta sobre a evolução das danças juninas e a importância de movimentos mais modernos e trabalhados para prender o público e transmitir a cultura junina.

“Hoje, conseguimos executar os passos tradicionais de forma mais dinâmica. A montagem da coreografia é pensada para evitar movimentos repetitivos, mas é crucial que a essência da quadrilha mineira permaneça e se fortaleça, resistindo ao tempo. Meu trabalho é criar passos que todos possam executar com excelência e buscar algo diferente para enriquecer a coreografia e cativar o público e os jurados”, diz.

Equipes de apoio

Por mais que as quadrilhas se preparem e ensaiem, alguns imprevistos acontecem durante as apresentações. Por isso, os grupos contam com equipes de apoio. São as pessoas responsáveis por montar os cenários antes das apresentações, retirá-los no fim, corrigir os problemas que surjam com os figurinos e acessórios cênicos durante a dança, além de dar suporte emocional aos quadrilheiros.

A função das equipes de apoio é semelhante à da contrarregragem, comum em grandes produções teatrais. Antes das apresentações, essas equipes têm dez minutos para montar o cenário. Durante a dança, elas corrigem problemas com os figurinos e adereços, sempre atentas para não interferir no desempenho dos dançarinos. Após os espetáculos, dispõem de 5 minutos para desmontar o cenário.

Arraial de Belo Horizonte

O Arraial de Belo Horizonte, que chega à 45ª edição em 2024, é o festejo junino mais representativo da Região Sul e Sudeste do Brasil, pela valorização e respeito à cultura e às tradições que envolvem o período.

O evento é uma realização da Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Belotur, com a colaboração da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL/BH), da rede de Supermercados Mart Minas, rádio oficial Liberdade FM e emissora oficial TV Globo Minas, parceria com o Mercado Central e apoio técnico da Comissão Junina Mineira.

Trabalhado a partir da ideia de uma “Experiência Junina Completa”, a festa belo-horizontina foca em três grandes eixos: a apresentação das tradicionais quadrilhas da cidade, shows musicais – com artistas locais e nacionais – e diversas atividades gastronômicas, como o Concurso Prato Junino e a Vila Gastronômica, sempre valorizando o título de Belo Horizonte como Cidade Criativa da Gastronomia pela Unesco.

O Arraial de Belo Horizonte é um evento que cresceu e ganhou visibilidade ao longo dos anos, fazendo com que a capital mineira fosse considerada, pelo Ministério do Turismo e pela Embratur, um dos cinco maiores destinos turísticos do período junino do país, ao lado de Bragança (PA), Campina Grande (PB), Corumbá (MS) e São Luís (MA).

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