foto:Rafael Motta
Proprietário e diretor de Criação da Greco Design
Apontado como um dos mais talentosos e premiados designers brasileiros, o mineiro Gustavo Greco, proprietário e diretor de Criação da Greco Design, comemora mais um prêmio por sua criatividade na execução da linha de cobogós exibida na Casa Cor Minas, edição 2021. Trata-se do iF Design Award, na categoria Instalação. Um dos maiores prêmios do mundo, tem entrega marcada para 15 de maio, no teatro alemão Friedrichstadt Palast, em Berlim.
O tema da mostra anual de arquitetura e decoração, naquele ano, era A Casa Original. A instalação apresentada por Gustavo Greco levava o desafio de se retomar os laços ancestrais essenciais à identidade, resgatando projetos que refletissem elementos milenares, contassem história e expressassem sentimentos. Baseado no eixo principal da mostra, ṣiré (Xirê), palavra em yorubá que significa a roda ou a dança dos orixás, foi o nome escolhido pelo designer, pois, exibe símbolos que representam os orixás. Tais divindades, trazidas ao Brasil com ancestrais vindos da África, são cultuadas nas religiões de matriz africana e representam as energias da natureza.
A obra, segundo Greco, foi pensada como uma forma de discutir a intolerância religiosa no Brasil. Para a sua criação, ele contou com o apoio da tradicional casa de Candomblé de Angola, Nzo Jindanji Kuna Nkosi, um percurso composto de 515 cobogós, feitos de mogno africano.
“Tendo o mogno africano como principal material, utilizamos a origem da madeira para trabalhar conceitos como a africanidade. De beleza incomparável, vinda do desenho e cores naturais de suas catedrais, o mogno africano é limpo sob o aspecto de sustentabilidade por ser plantado para reposição de áreas degradadas ou áreas de preservação ambiental e gerar crédito de carbono. O percurso singular permite experiências particulares em quem passa por ele”, sintetiza o criador.
O mogno africano é uma espécie nativa africana, introduzida no Brasil como uma nova alternativa para a produção de madeira nobre a fim de diminuir o desmatamento de florestas nativas e atender a demanda do mercado madeireiro. A madeira tem sido a matéria-prima para cadeiras, mesas, portas e janelas, além de utilitários e objetos de decoração.
A instalação de Greco é fruto de uma parceria entre o designer e a Associação Brasileira dos Produtores de Mogno Africano (ABPMA), que cedeu todo o mogno africano para a sua produção. A espécie hoje, que é plantada em 12 estados brasileiros, já está em fase de comercialização para a indústria moveleira e sendo beneficiada. Há mais de 15 mil hectares de florestas plantadas entre os 60 produtores que integram a ABPMA.
Sobre a importância do reconhecimento internacional da obra, Gustavo Greco lembra que prêmios estabelecem padrões criativos, educam, inspiram e promovem o bom design. A instalação Siré (Xirê) foi eleita um dos destaques na competição internacional, que reuniu quase 11 mil projetos, de 56 países. A escolha se deu diante de um corpo de jurados altamente qualificados de 133 membros.
“Eles (os prêmios) aumentam a consciência das pessoas sobre a importância da nossa profissão. Ganhar um IF tem ainda o gosto de levar o Brasil para o pódio de um dos mais importantes prêmios de design do mundo”, comemora o feito.
Desde 1954, o IF Design Award tem sido reconhecido como um dos principais selos de qualidade em design. O selo iF é reconhecido mundialmente por serviços de design com excelência. As inscrições são concedidas nas seguintes disciplinas: Produto, Embalagem, Comunicação e Design de Serviços, Arquitetura e Interiores, bem como Conceitos Profissionais, Experiência do Usuário (UX) e Interface do Usuário (UI).
Todos os projetos premiados são apresentados no www.ifdesign.com.