Política

LIRA e sua estratégia

congresso nacional em brasilia

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        Está de volta o velho raposismo político. Seu maior expoente foi o ex-presidente Tancredo Neves, cuja rara habilidade o tornava aglutinador e disse[1]minador de ideias, de estratégias, de táticas e de arapucas para pegar os incautos, no mau e no bom sentido, se é que isso existiu, algum dia, na política. Embora muitos julguem Arthur Lira decadente em seu final de mandato, ele revela essa mesma esperteza ao ditar o rumo do que se aprova ou se desaprova na casa que conduz. Sua fama pessoal nem de leve se compara à de Tancredo Neves. Ainda assim, exerce o raposismo em movimentos imperceptíveis, cooptando, até mesmo, seus adversários no campo ideológico. Impõe barreiras à atual política de terra arrasada, que teve em Dilma Rousseff sua melhor representante.

        O PT, mesmo com todo o decantado poder de encantamento de Lula, não conseguiu implantar sua pauta nos costumes, ao tempo em que enfrenta resistências eficazes em sua sanha arrecadatória para gastar a qualquer custo.

                Ao enfrentar boatos para desacreditá-lo, imediatamente dá o troco sem a menor cerimônia

     Assim como outra grande raposa – Golbery do Couto e Silva -, durante o regime militar, o atual presidente da Câmara é capaz de antever o futuro e disponibilizar atalhos para desarmar armadilhas ou construir trincheiras para que o seu jogo tenha sustentabilidade a longo prazo. Ao enfrentar boatos plantados para desacreditá-lo, imediatamente dá o troco sem a menor cerimônia; em alto e bom tom, desfere uppercuts potentes em seus oponentes. Nesse ponto, difere de Tancredo, que agia somente nos bastidores. Lira, porém, contra-ataca em várias direções e com tal poder de convencimento e mobilização, encurrala o adversário. Alexandre Padilha – por ele escolhido para mandar os seus petardos ao governo Lula -, e Renan Calheiros que o digam.

       O atual presidente da Câmara, de fato, sabe comandar aqueles que o elegeram para dividir o poder e com eles reinar. Essa é a fonte da real importância da Câmara dos Deputados, nos dias atuais. E, se bem repararmos, Lira tem objetivos bem definidos para conduzir sua sucessão, sem deixar que ela se antecipe: enquanto faz o que pode para ajustar a economia, não transige na pauta de costumes. E dá de ombros para a agenda da esquerda, bem no estilo de quem “pariu Mateus que o embale.” Para manutenção de sua influência ele precisa fazer o sucessor. Alguém duvida que o fará?

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