Brioche com atum fresco: delícia do cardápio do A Gata Gorda
FOTO \ Daniel Iglesias
Cozinha do país europeu está bem representada nos cardápios de estabelecimentos em BH
A culinária espanhola carrega consigo a alegria do encontro, do compartilhamento. As tapas antecipam o que de melhor está por vir, acompanhadas, quem sabe, de bons vinhos de uvas tempranillo. São os petiscos que, quentes ou frios, animam a mesa. O que virá, como croquetas, gaspacho, pinchos, montaditos ou os pratos principais, como a paella, os cortes de carnes ou frutos do mar, vão completar a viagem pelos paladares do universo ibérico.
E, se junto a tudo isso tiver um fundo musical clássico composto pelo espanhol Isaac Albéniz (1860 -1909), aí a viagem está completa. Se não é possível ir à Espanha, no momento, ela vem até nós através da sua cozinha multissensorial e inspiradora. No A Gata Gorda, da chef Bruna Martins (Biroska e Florestal); no Parallel, dos chefs Gui & Gabi (Okinawa), e no La Bocaderia Central, dos sócios Lucas Duarte e Felipe Silva, com a assinatura do chef Carlo Gomes, é possível vivenciar um bocadito dos sabores de cada região, como a Catalunha, o País Basco, Valência, a Anda luzia, Astúrias, Galícia e até das Ilhas Canárias. Em A Gata Gorda, a chef Bruna Martins conta como é o prato principal.
“A paella da casa é um pouco mais caldosa, sem ser socarrat (caramelização e tosta do arroz no fundo da paella), uma técnica muito comum na Espanha. A gente, também, tem um peixe com várias conchas e ovos. Temos uma tapa que chama pantomaca (tradicional na culinária catalã, tendo como base um pão rústico), que a gente finaliza com filé de anchova. Esses são os mais tradicionais”, destaca. Bruna Martins não abre mão da criatividade e de seu olhar brasileiro mesmo na clássica gastronomia espanhola. “A gente tem uma tapinha também que é a nossa ‘sacanagem’ (para quem não sabe, um petisco retrô bem brasileiro, geralmente com azeitona, pimentão, enrolados e preso por palito).
No caso, à moda catalã, que é um espetinho muito comum que tem lá, de palito, com anchova, azeitona e pimentão. Fazemos também a nossa versão com pimenta-de-cheiro curtida”, descreve a chef. Na A Gata, as carnes vermelhas são usadas com muitos ossos. “A gente tem cortes com ossos para remeter bastante à chuleta. Trabalhamos com assado de tira, também com ancho, então tem um pouco de tudo”, avisa. A Gata Gorda propõe uma experiência sensorial.
“Trouxemos para a casa, a visão de uma Espanha bem caprichosa, com bastantes elementos e cores vibrantes, azulejos pintados e prateleiras com vasos. Caprichamos na decoração e as pessoas adoram usar o espaço para fotografar. O retor no é muito positivo, tanto pelo ambiente quanto pela gastronomia”, acrescenta Bruna. A carta de vinhos da casa é focada no Brasil e na Espanha. “Este último, apesar de ser um país pequeno, carrega uma enorme diversidade, que a gente tenta apresentar, de tudo, um pouco.
Demos um passo diferente para BH, ao explorar vários tipos de xerezes (o xerez é um vinho mais fortificado) e nessa exploração desse tipo de vinho, a gente tem revelado para o público belo-horizontino esse sabor que é tão intenso, tão marcante, tão espanhol e tão maravilhoso, e as pessoas estão adorando e recebendo muito bem essa experiência”, comemora a chef. Guilherme Furtado Machado e Gabriella Gui marães, Gui & Gabi, como são mais conhecidos por aqui, são chefs há 20 anos. Sócios no Parallel, restaurante que inauguraram em 8 de abril último, exploram a gastronomia espanhola de alto nível.
O casal parceiro na cozinha e na vida, morou sete anos na Catalunha. Os dois trabalharam em restaurantes duas e três estrelas e trouxeram para BH um cardápio 100% espanhol com toque contemporâneo. A diversidade cultural está na raiz latino-espanhola, como explica Gui. “O jamón ibérico, o tomate e o azeite, comum na culinária deles, tem, cada um, sua forma de interpretação do terroir. A gente fez um apanhado de cada região, e às vezes, combinando diferentes regiões em um mesmo prato”, explica.
As tapas, no Parallel, são clássicas, já, a versão de gaspacho é mais clara, e as croquetas de jamón e de cheese salad, enfim, versões finger food, são sempre baseadas, segundo o chef, na croqueta tradicional.
Das paellas, cita-se de frutos do mar, bacalhau com chorizo espanhol e vegetariana, com cogumelos, ervilhas tortas, amêndoas e aioli. A casa também não abre mão dos grelhados como os cortes de angus, porco duroc, bacalhau, carrê de cordeiro, camarão, polvo na brasa e batatas com molho de coentro, típico das Ilhas Canárias. Das sobremesas, destaque para a torta de queso basca e a crema catalana, que é a versão espanhola do creme brulee.
Agora, quem pensa em curtir um espaço bem ao jeito dos bares boêmios de Barcelona, além de, também, celebrar a fusão das culturas basca e mineira, vai encontrar esse espírito festivo no 2º andar do Edifício Central, próximo à Praça da Estação. Drinks, pinchos (porções servidas em fatias de pães, típicos do País Basco) e gaspacho (sopa fria à base de hortaliças, com tomate, pepino e pimentão, tão popular no sul da Espanha), vai amar o La Bocaderia Central.
Remete aos bocados tão amados e acompanhados por drinks autorais e clássicos. A casa foi aberta há um ano e três meses pelos sócios Lucas Duarte e Felipe Silva, e já é sucesso com suas inspirações nas pinticharias e tasquetas do país ibérico. “É a cultura de bar forte lá e forte aqui. A gente se inspirou na comida espanhola, mas misturamos um pouco com a mineira, que é a melhor do mundo. Assim, criamos pinchos de linguiça com ovo de codorna e contamos, hoje, com 15 sabores de pinchos.
Valorizamos nossos ingredientes e tornamos os preços acessíveis”, relata Duarte. O pincho de maior saída, segundo ele, é o de camarão empanado com aioli de limão. No La Bocaderia Central, entre as tapas, destaca-se a batata brava com aioli de pequi, mas tem, também, o de pernil. A porção de tapas varia entre 250 a 300 gramas, na linha de porção de boteco ou de pub.
O pincho também pode ser chamado de “montaditos”, variando entre R$ 10 a R$ 16. “Temos os pré-montados criados pelo chef Carlo Gomes, e cada um pode, também, montar o seu combo. Tudo isso, podendo combinar com os drinks que o bar tender Robson capricha no local, com ingredientes como melancia, kiwi, doce de leite, em versões autorais e clássicas”, detalha Lucas Duarte. A casa tem sua vibe cultural mantendo exposições de artistas mineiros com grafitadas e até promove concurso de fotografia de Carnaval, lançamento de livros, sem, porém, perder o foco principal, que é a gastronomia.
SERVIÇO
A Gata Gorda
– Rua Levindo Lopes, 96
– Bairro Funcionários Parallel
– Rua Santa Catarina, 1155
– Bairro de Lourdes La Bocaderia Central
– Avenida dos Andradas, 367 Lj. 214 – B – Centro