Economia

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Ritmo, no Itaim: projeto do premiado Studio Casas

 

Com a crescente exigência do cliente de luxo, construtoras buscam em arquitetos renomados diferenciais para seus empreendimentos

 

          A arquitetura é capaz de eternizar seu criador pela funcionalidade e beleza de sua obra, permitindo um legado valioso para as gerações futuras que a ocupar, revelando costumes de uma época, a forma como se organiza uma sociedade em determinados tempo e espaço. Assim foi com Oscar Niemeyer (1907-2012) com seu talento modernista. Para o mestre das hábeis curvas de concreto, morto às vésperas de completar 105 anos, “a vida é um sopro”, apesar de tantos anos vividos. O conjunto de suas obras, felizmente, ficou para sobreviver ao tempo.

          E é sobre planejar o belo, procurar interagí-lo com o entorno do local onde a obra se insere e sua função, é o que se fala hoje na arquitetura.

          A escolha do projeto, as variáveis climáticas, o melhor aproveitamento da luz e do vento, levando conforto ambiental, e claro, beleza na plasticidade contam ponto e valorizam o imóvel projetado.

         É com base nessas percepções que as escolhas das grandes construtoras, como Concreto, Caparaó, Castor, Katz, PHV, RKM, entre outras, têm se baseado na hora de contratar um escritório de arquitetura. As exigências são cada vez maiores. E é perceptível no mercado imobiliário o segmento de imóveis de luxo com design assinado. São layouts exclusivos, localização privilegiada e acabamento de qualidade, um segmento que cresceu em ritmo acelerado nos últimos anos.

          Marcado por números impressionantes para a indústria imobiliária, os imóveis de alto padrão, só nas cidades de Belo Horizonte e Nova Lima, nos primeiros dez meses de 2023, registraram juntas, um crescimento expressivo de 324%, se comparado ao mesmo período anterior, de acordo com os dados publicados pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG).

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          No Brasil, as vendas do segmento de luxo aumentaram 32,9% em 2023, atingindo 11, unidades comercializadas. No mercado geral, o setor imobiliário alcançou um Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 111,9 bilhões de reais, com 195,8 mil unidades vendidas. As informações são da Brain Inteligência Estratégica.

          Um dos grandes nomes da arquitetura con[1]temporânea e nacional, o arquiteto Arthur Casas é reconhecido por criar alguns dos empreendi[1]mentos mais concorridos do país e do mundo. O premiado Studio Arthur Casas conta com uma equipe multidisciplinar que busca a liberdade criativa integrando espaços e conforto com responsabilidade ambiental.

         Uma das obras de seu studio, o edifício Ritmo, conta com layouts personalizados, lazer premium e paisagismo único. Seu projeto foi finalista no World Architecture Festival de 2023, é um dos imóveis de luxo com assinatura do Studio Casas no bairro Itaim, em São Paulo, e em construção pela mineira Concreto Engenharia. Um dos diferenciais do projeto é a área de lazer ampliada, que ocupa também o rooftop do edifício, ou área de descompressão no topo dos edifícios, característica que, segundo os especialistas do mercado imobiliário, valorizam o metro quadrado residencial em cerca de 20%.

         Inaugurado em 1990, o escritório de arquitetura Arthur Casas acumula importantes prêmios nacionais e internacionais como o World Architecture Festival, Best of Year, IF Design Award, Frame Awards, entre outros.

          Outro exemplo dessa tendência do mercado de luxo, é o edifício Ruah, lançado na Zona Sul da capital mineira em 2023, também pela Concreto Engenharia, tem o projeto assinado pela empresa mineira D’Avila Arquitetura. O escritório é detentor de importantes prêmios como o Master Imobiliário Nacional, o Grande Prêmio de Arquitetura Corporativa, o Master Imobiliário Rio de Janeiro, o Prêmio Construir Brasília, o Prêmio Gentileza Urbana e o Prêmio CSul de Qualidade Urbana.

 

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         O edifício residencial Ruah, simboliza bem a valorização dos empreendimentos de luxo: “O escritório acredita no poder da arquitetura para despertar aspectos essenciais da nossa humanidade. Com esse propósito em mente, o imóvel foi projetado com uma série de atributos que fortalecem esse conceito”, conta o arquiteto Afonso Walace Oliveira.

          A Katz Engenharia é outra empresa a investir em projetos de renomados arquitetos. Escolheu a Jacobsen Arquitetura para desenhar o Tríade, com vista 360 graus para o Vale do Sereno. Um edifício de 30 pavimentos que busca interagir com a natureza que o cerca. O escritório de arquitetura, que nasceu no Rio de Janeiro e tem filiais em São Paulo e Lisboa assina o layout. “O projeto da Jacobsen me chamou muito a atenção pelas linhas fluídas e suaves. Eles são capazes de projetar para clientes de Miami, Nova York, Tóquio ou qualquer lugar do mundo, com uma arquitetura universal sem perder a nossa brasilidade. É bom que se diga, o mundo inteiro consome a gente. No Tríade, também foi considerada a vegetação do entorno que o abraça”, elogia Daniel Katz, CEO da construtora, que prevê a conclusão da obra para 2027.

         Na metade da década de 1990, recém-formados na Faculdade de Arquitetura da UFMG, André Abreu, Anna Ávila e Gustavo Ribeiro iniciaram a carreira logo conquistando o primeiro prêmio pelo projeto do Centro Cultural Usiminas, em Ipatinga. E a partir daí, se uniram para fundar o Sito Arquitetura, escritório com sede em BH, que atua em inúmeros projetos na capital, no Brasil e em outros países. Vencedores, também, do Prêmio Arquitetura em Aço, 1º lugar no concurso para o projeto do Marco Centenário da Cidade de Belo Horizonte, praça da Bandeira (em conjunto com Humberto Hermeto), o trio conquistou diversos mercados, como projetos de casas, edifícios residenciais, projetos de padrão alto luxo e até o de urbanização em países africanos.

         “Sempre buscamos uma arquitetura mais comprometida com a necessidade do cliente. O mercado imobiliário é uma locomotiva para o trabalho do arquiteto. Dentro desse mercado competitivo, o papel do arquiteto passa a ser exigido”, observa André Abreu. Ele lembra que no mercado alto luxo não há crise. “Mas, construtoras têm que rebolar para atender às exigências. O preço de construção ficou mais elevado, independentemente da faixa de consumo”, aponta.

        Para além da preocupação com aspectos econômicos, é preciso atentar para as mudanças dos hábitos de consumo da sociedade. As soluções arquitetônicas, indica, André Abreu, consideram o conceito de coletivizar tudo que for possível, “É preciso levar em conta o conforto, a proximidade com as necessidades de consumo, mobilidade, lazer, qualidade de vida e a percepção de que as famílias estão ficando pequenas e muitos não querem fixar raízes. As pessoas, hoje, são do mundo”, observa o arquiteto.

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         “Essa preocupação é presente em São Paulo há tempos. A capital paulista é um hub de serviços. Os microapartamentos são próximos às estações de metrô. As pessoas querem viver mais próximas do transporte que as conduz ao trabalho”, exemplifica Abreu, lembrando que o arquiteto precisa oferecer uma gama de oportunidades. Um ótimo exercício para a arquitetura, para um atendimento personalizado tem sido a experiência dos projetos de casas, que voltaram com força no pós- -pandemia. Enfim, o desafio é levar a qualidade de vida ao máximo de pessoas possíveis através da arquitetura.

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