Flávio Penna

Nosso nome é Minas

 

Da ocupação em busca dos metais preciosos à exploração de minerais como ferro, nióbio e lítio, estado reafirma sua vocação para a mineração

 

          Somos Minas, nosso primeiro nome. Não apenas de ouro ou de ferro. Somos Minas Gerais. Foi pela diversidade de minerais encontrados em nosso território que deixamos de ser, em 1720, apenas Minas de Ouro, nome dado à capitania que surgiu com o desmembramento da Capitania São Paulo/Minas de Ouro, criada em 1709, como consequência da atividade dos bandeirantes em busca de ouro e pedras preciosas.

        A história do estado de Minas Gerais, da sua ocupação, tem início muito cedo dentro do período de colonização do Brasil. A região onde hoje se localiza o estado já era ocupada por populações indígenas, em torno de 100 aproximadamente, antes da colonização portuguesa. A chegada dos europeus levou à escravização de muitos desses indígenas e à dizimação dos seus povos.

            A busca por metais preciosos na região obteve êxito entre o final do século 17 e início do 18, quando as primeiras minas de ouro foram descobertas. Com isso, iniciaram-se o chamado Ciclo do Ouro do período colonial brasileiro e o processo de ocupação de Minas Gerais. Neste período ocorreu a formação dos primeiros centros urbanos no interior do Brasil e, em escala mais ampla, a ocupação interiorana do país, seguindo as atividades econômicas secundárias ligadas à mineração.

       A história e a formação do Estado de Minas Gerais estão intimamente ligadas à mineração. Ainda no período colonial, a partir de 1690, já havia centenas de lavras de ouro aluvionar na região central do estado. Na década de 1770 a 1780, Minas produziu quase dois terços do ouro e boa parte das gemas e diamantes extraídos no Brasil. Essa atividade extrativa mineral fomentou a abertura de estradas, a implantação de núcleos urbanos, a unificação do território, a criação de uma estrutura administrativa própria e a construção da Estrada Real.

       Ouro Preto, Congonhas, Sabará, São João del-Rei, Tiradentes, Diamantina, Serro foram algumas cidades que surgiram e se consolidaram em razão das minas. Entre 1700 e 1808 , a população mineira saltou de 30 mil para 433 mil habitantes. No século 18I, Vila Rica, a hoje Ouro Preto, tinha 35 mil habitantes, enquanto a cidade de São Paulo tinha apenas 5 mil habitantes.

        No período de 1820 a 1830, foram formadas seis empresas inglesas de mineração para explorar o ouro em Minas, algumas delas ainda em operação. Na esteira do desenvolvimento da mineração de ouro, foram encontrados depósitos de minério de ferro que levaram ao surgimento da indústria de transformação desse mineral no Estado. Em 1814, foram instalados os primeiros altos-fornos de ferrogusa na fábrica de Morro do Pilar. Em 1825, o francês Jean Monlevade instalou uma fábrica na cidade de São Miguel do Piracicaba, hoje João Monlevade.

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A moderna produção em Paracatu: novo ciclo do ouro

          Minas Gerais, hoje, representa mais de 50% da produção nacional de minerais metálicos como o ferro, o nióbio (75% da produção mundial, com reservas em Araxá estimadas para atender as necessidades mundiais por 400 anos!) e agora o lítio, cuja exploração e exportação iniciou-se este ano e que deverá gerar investimentos de R$ 15 bilhões, até 2030, no Vale do Jequitinhonha. Minas é também o segundo maior produtor brasileiro de rochas ornamentais e o segundo maior polo produtor e exportador mundial de ardósias para revestimento Mais de 50 das 200 maiores minas brasileiras estão em território mineiro, o que coloca o estado em primeiro lugar dentre os maiores produtores de minério no Brasil. E são Minas Gerais.