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Podendo escolher nosso destino, escolheríamos o de Ícaro ou o dos dinossauros? Ambos morrem no final, o que é parte inerente à vida. A diferença é que Ícaro antecipou sua morte, vítima da ambição de realizar sonhos além de seus meios. Já os dinossauros foram vítimas de evento externo, independente das suas ações. Estes são inocentes, aquele é culpado.
Com as asas fabricadas pelo pai, Ícaro livrou-se de privações. Ignorando o conselho paterno, deixou-se levar pela ambição de voar alto e morreu afogado, pois as asas não supor taram as condições ambientais: a cera derreteu com o calor. Assim diz a lenda, que ora se repete na realidade.
Ignorando as condições do meio, fomos levados a crer que todos ficaremos “bem de vida” no futuro, quando chegar o “desenvolvimento”.
A PERSEGUIÇÃO DE AMBIÇÕES TEM CRIADO DESASTRES CADA VEZ MAIS GRAVES
Assim como o sol derreteu a cera das asas de Ícaro, a perseguição de ambições tem criado desastres cada vez mais graves. E a ambição daqueles que nos governam, eleitos ou não, continua a inventar falsos fundamentos para o mito de que superaremos as agruras da pobreza mediante o desenvolvimento”.
Sabe-se que o planeta não suporta oito bilhões de pessoas tentando reproduzir o estilo de vida dos moradores do Norte global. A maioria dos governantes, lá e cá, ignora essa realidade e busca nos convencer que o róseo futuro está para chegar. Enquanto isso, pouco ou nada fazem pelos mais de 70% dos humanos que vivem com menos de US$ 10,00/dia, sem perspectivas de melhora há quase meio século.
Essa estagnação é que tem minado a democracia. Se quisermos salvar e aprofundar esse regime, é fundamental e urgente melhorar a vida dessa maioria dos humanos, o que não será alcançado com mais “crescimento econômico”, que repete Ícaro e destrói o meio. Superar a pobreza requer, mais que “crescer”, novas regras para distribuir os frutos do engenho e labor humano.
