Economia

Casa em ordem

thiago toscano CODEMGE

Foto: Divulgação

Presidente da Codemge fala que empresa deu lucro pela primeira vez e elenca venda de direitos minerários, de imóveis e concessões como fórmula para resultado positivo

 

          Responsável por levar adiante o processo de desestatização do governo de Minas, o presidente da Codemge, Thiago Toscano, vem passando por vários obstáculos para colocar a casa em ordem, despertar o interesse dos servidores pelos projetos da empresa e tornar os ativos da empresa atrativos. Esse foi um dos assuntos debatidos pelo economista e contador na edição de agosto do Conexão Empresarial, evento promovido pela VB Comunicação.

           A Codemge tem como principal ativo o nióbio, mineral que sai de Araxá, no interior de Minas, para abastecer 80% do mercado mundial. Para chegar e ser aplicado na indústria, o nióbio, segundo Thiago Toscano, passa por 160 processos e ele funciona “como uma pitada de sal no aço”: faz o carro ficar mais resistente e mais leve com apenas uma pequena porção. E é esse mineral, segundo ele, que tem gerado recursos para o governo investir em obras e em ações sociais.

          Parte do direito minerário fica na CBMM e a Codemge fica com 25% dos lucros. Desse recurso, 51% ficam na Codemge e 49% com o Estado. A empresa, que dava um prejuízo de R$ 250 milhões, hoje dá lucro e só não está em uma situação melhor devido a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que inibiu a indústria, principalmente na Europa. “Em 2022, pela primeira vez, a Codemge deu um lucro de R$ 89 milhões”, ressalta o presidente.

          Mas esse é apenas um dos ativos da Codemge, que também é dona do Grande Hotel de Araxá, das águas de Cambuquira e do Parque das Águas em Caxambu, de salas comerciais, da ossada de um mastodonte gigante e até de um centro espírita em Araxá. Além disso, tinha que pagar IPTU dos imóveis que tinha e que não estavam sendo usados.

           Um dos investimentos da Codemge que ele considera engano foi em uma empresa na Inglaterra. Foram 6 milhões de libras esterlinas colocados em uma empresa que quebrou. Para reaver os recursos, o governo teve que contratar um escritório de advocacia no Brasil para contactar um escritório na Inglaterra e começar o processo de recuperação do valor.

          Os recursos da empresa também foram usados em obras de prédios que nem pertenciam ao governo, segundo Thiago. Um dos casos foi a reforma de R$ 57 milhões na antiga sede do Bemge, bancados pelo governo do estado via Codemge.

          Vender parte desses ativos foi um obstáculo à parte. O Tribunal de Contas do Estado paralisou todo o processo para que o estado se desfizesse dos ativos que estavam custando mais de R$ 200 milhões para o governo e para a população. Thiago Toscano disse que chegou a ser acusado pelos partidos que fazem oposição ao governo Zema de fazer uma privatização branca, que é quando não se submete o processo de venda e as concessões à aprovação da Assembleia Legislativa.

           Após vários meses de análise, o TCE decidiu liberar a Codemge para continuar a se desfazer de parte desses ativos. Até agora, dos 53 direitos de exploração mineral, conseguiu repassar mais de 30, vendeu metade dos imóveis e está firme no processo de concessões.

          Durante o governo Zema, ele também conseguiu vender a parte do governo na Helibrás por R$ 95 milhões para a Airbus, além de tentar recuperar recursos investidos indevidamente por governos anteriores. Além disso, o governo agilizou o processo de concessões, como no caso do Mineirinho, da rodoviária e do rodoanel metropolitano, a ser construído.

          Na conversa com empresários, políticos e representantes da sociedade, Thiago Toscano disse ter consciência de que não ficará no cargo para sempre, mas que a sociedade precisa tomar ciência do que acontece ali para que os erros cometidos nas gestões anteriores não se repitam.

          A empresa, segundo ele, tem muitos projetos importantes, um deles é o que prevê a universalização do saneamento no Vale do Jequitinhonha, abastecendo as cidades da região com 99% de água tratada e 90% de esgoto tratado. A Codemge já está preparando a consulta pública para viabilizar esse projeto que, para Toscano, se der certo, será um marco no setor.

          O Conexão Empresarial, que aconteceu no AA Wine Experience, teve patrocínio da AngloAmerican, Drogaria Araujo, Grupo bmg, CODEMGE, Fiat, Rede de Saúde MaterDei, My Box, OOH Brasil, Urbana e Usiminas e apoio do Setra BH

 

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