Imagem de Freepik
A política digitalizou-se em um movimento jamais imaginado por quem quer que seja, independentemente do matiz político ou ideológico. Morreu o bom e velho debate político, no qual se praticava a dialética de maneira salutar, confrontando, civilizadamente, ideias opostas. O atual X (ex-Twitter), o TikTok, o Facebook e o Instagram são usados como trincheiras repassadoras de uma visão deletéria, onde o ódio se alimenta com o assassinato de reputações. Trocou-se o debate propositivo pela criticidade abusiva e, assim, os eleitores transformam o seu voto em arma contrária ao candidato que rejeitam.
Em qualquer difamação, quem dela discorda, habita o reino das trevas. O oponente representa tudo de ruim que existe na política e, combatê-lo, faz com que quem assim proceda se transforme em uma espécie de herói daqueles desprovidos do livre pensar. O pior é que essas discussões on-line sem pé nem cabeça, grotescamente, se proliferam. Na falta de argumentação fundamentada, grassa a agressão tosca e leviana, via fake news, deep fakes/inteligência artificial, eivadas de infocalypse(uma referência ao apocalipse da informação). O exército digital é, até, remunerado para assim proceder.
O pior é que essas discussões on-line sem pé nem cabeça, se proliferam.
Os brasileiros enfrentam uma dicotomia na qual a realidade nunca se alinha com a expectativa. Quem propõe regular e penalizar essa guerra cibernética é contestado, de tal forma, que “normaliza” todo e qualquer tipo de transgressão e incontinência verbal. O parlamento virou um picadeiro, onde tudo é permitido, até mesmo pancadaria com tapa na cara de congressistas. Ninguém, em sã consciência, quer que se censure a verdade ou que indícios de malfeitos sejam acobertados pela mídia ou pela justiça. Não adianta tapar o sol com a peneira, pois, onde há fumaça, há fogo.
O jornalismo sério e os verdadeiros juízes das Cortes Superiores logo são distinguidos pelos cidadãos de bem, com um reconhecimento à credibilidade que inspiram. Já os que agem com viés partidário, validando apenas o que suas ideologias ou interesses aprovam, seguem à deriva da opinião pública. Ela percebe a tendenciosidade com que tentam mascarar, por meio de narrativas ridículas, o real do imaginário. Essa torpe polarização política dividiu o Brasil à base do “nós contra eles” e estimulou esse confronto virtual, no qual os disseminadores de chicanas agem como robôs da pior espécie, porque “programados” para mentirem e seduzirem incautos.