Fonte:Prefeitura de Belo Horizonte
Nos últimos dias, os moradores do bairro Belvedere e da cidade de Nova Lima têm chamado atenção para uma questão que virou o principal tema de discussão: o trânsito caótico resultante de um impedimento de tráfego por uma rua, devido a abertura de uma cratera no local, após as intensas chuvas do dia 7 de março. A premente necessidade de intervenções e medidas para aprimorar o trânsito é um tema de destaque em Belo Horizonte e nas principais cidades brasileiras. A cidade enfrenta desafios substanciais no que diz respeito à mobilidade urbana, o que torna essencial uma análise criteriosa e a implementação de soluções criativas e efetivas.
Em meio a essa discussão, é fundamental que as políticas e iniciativas adotadas priorizem o bem-estar coletivo e a eficiência do sistema de transporte público. Buscar o equilíbrio entre os interesses e necessidades dos diferentes segmentos da população é primordial para garanti-las.
A cratera do belvedere e a necessidade de se priorizar o transporte coletivo nas vias de Belo Horizonte
Neste contexto, a urgente demanda de investir na priorização do transporte público coletivo emerge como uma estratégia crucial para moldar a capital mineira em direção a uma metrópole sustentável e acessível, atendendo às necessidades da população e promovendo um ambiente urbano mais inclusivo.
Assegurar a devida atenção a esse modal, especialmente por meio da implementação de faixas exclusivas, deve ser considerado como uma necessidade inegável, dada sua importância para a sociedade. Garantir a fluidez do transporte público é fundamental para superar uma série de desafios relacionados à mobilidade da cidade.
A Lei 12.587/2012, conhecida como Lei de Mobilidade Urbana, estabelece como um de seus princípios fundamentais a priorização do transporte público em relação aos modos individuais de deslocamento. Essa diretriz implica que os municípios devem concentrar seus esforços e recursos no desenvolvimento e aprimoramento dos sistemas de transporte coletivo, visando proporcionar uma mobilidade mais eficaz, acessível e ecologicamente sustentável para os habitantes urbanos.
Recentemente, a Prefeitura de Belo Horizonte promulgou a Lei nº 11.461/2023, que representa um avanço significativo na expansão da infraestrutura viária voltada para o transporte público. Esta medida tem como objetivo principal ampliar a extensão das faixas exclusivas e corredores preferenciais para ônibus na cidade. Atualmente, a rede totaliza apenas 56,1 km de pistas exclusivas nas vias da cidade.
A população que opta por veículo particular precisa ter consciência da desigualdade na ocupação das vias em comparação aos ônibus. Enquanto um carro transporta, muitas vezes, apenas um ou dois passageiros, um ônibus padrão transporta 75 pessoas.
Um ônibus ocupa aproximadamente 12 metros de espaço na pista, enquanto seria necessário um espaço de cerca de 235 metros para acomodar 60 veículos individuais. Além disso, se considerarmos o tamanho das SUVs modernas, esse espaço pode ultrapassar os 260 metros de ocupação nas vias.
A utilização dos corredores exclusivos do MOVE evidência de forma inequívoca a significativa melhoria em eficiência, pontualidade e redução do tempo de viagem. Esses benefícios viabilizam uma gestão mais eficaz da frota, um aumento substancial no número de viagens, uma frequência ampliada e uma redução considerável do tempo de espera.
É preciso refletir. Se a cratera aberta gerou o caos na região, é razoável a igualdade de tratamento do ônibus com o veículo particular nesse contexto? Nesse cenário complexo, emerge um dilema ético e prático: é justo e sensato privar milhares de usuários do transporte coletivo do acesso às faixas exclusivas, quando estas representam uma alternativa eficaz para assegurar um tráfego mais dinâmico?