Cultura

Desigualdades de oportunidades

desigualdade social

Imagem de Alexa por Pixabay

 

          Alguns pensam que o bem-estar de cada pessoa resulta de seu esforço pessoal, como obter boa formação profissional, trabalhar com afinco, aproveitar as oportunidades e atingir seus objetivos. Essa visão está refletida na expressão americana self-made man.

          Outros, ao contrário, imaginam que as oportunidades dependem do ponto de partida de cada um. Aqueles nascidos em famílias de posse terão mais estímulos a se educarem, irão para as melhores escolas e terão acesso às melhores oportunidades, enquanto outros que, na partida, não têm as mesmas condições, encontrarão barreiras muito mais altas para serem transpostas, se conseguem acesso à escola, estas serão de baixa qualidade, e ficarão fadados a se perderem pelo caminho. Assim, as desigualdades não são fruto, apenas, de escolhas pessoais, mas, sim, da posição econômica e social que cada um tem ao nascer.

 

Reduzir as desigualdades no Brasil exige reconhecimento de suas origens

 

          As desigualdades no Brasil são muito altas, quer nas comparações entre regiões. Em média, as famílias da região Sudeste têm renda média maior do que aquelas que moram no Nordeste ou no Norte, quer por outras categorias de análise. Por exemplo, as famílias brancas, em média, têm renda média maior do que as famílias pardas e negras. Neste caso, emergem as dificuldades que enfrentam as famílias negras e pardas, relativamente às brancas, que derivam de suas origens. As brancas são descendentes de europeus, que participaram da colonização e da ocupação do território brasileiro, enquanto as pretas descendem de famílias africanas, trazidas para o Brasil para serem escravizadas, até o final do século 19, e as pardas, dos povos originários, que já habitavam o território onde se formou o Brasil e da miscigenação racial.  

          Reduzir as desigualdades no Brasil exige reconhecimento de suas origens e adoção de medidas que tornem as oportunidades mais democráticas. Programas como a condenação da discriminação por raça, além da introdução das penalidades legais, precisa estimular esforços, na esfera cultural, para aceitação da diversidade racial no Brasil como algo positivo, e a criação de cotas que possam minimizar os efeitos das barreiras do passado e iniciativas privadas para oferecer emprego para esses segmentos vulneráveis. Apenas a consideração da meritocracia resulta na reprodução da desigualdade.

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