Imagem de Gerd Altmann por Pixabay
Após a divulgação dos resultados do Censo Demográfico de 2022, tornaram-se comuns na mídia e nas conversas entre pessoas as preocupações com o processo de envelhecimento da população brasileira, devido à combinação da redução do número de filhos por mulher em seu período reprodutivo com o aumento da expectativa de vida da população com idade superior a 50 anos. Quais serão no futuro os impactos dessas mudanças sobre as políticas públicas, como Previdência Social e saúde? É fácil imaginar que maiores serão as pressões sobre recursos públicos, já escassos nos dias de hoje.
Uma possibilidade para corrigir esse problema será promover o crescimento mais rápido da economia, cujos resultados seriam aumento do emprego, da renda dos trabalhadores e da receita pública. Mas o que poderia acontecer se não houvesse trabalhadores suficientes para atender uma demanda crescente do setor produtivo? Essa não seria apenas uma questão acadêmica, mas, sim, uma possibilidade real.
Desde o final da Segunda Guerra Mundial, há o entendimento geral de que, no Brasil, a oferta de mão de obra é infinita; o que falta é emprego. No passado, no período de industrialização dos anos 50 a 70, admitia-se que havia excesso de trabalhadores no campo. Assim, com a geração de empregos nas cidades, as pessoas migrariam da zona rural para os centros urbanos à busca desses empregos. De fato, isso aconteceu. Cresceram as cidades, houve rápida urbanização e industrialização. Sempre se verificou que havia muitas pessoas subempregadas e desempregadas nas cidades, faltavam políticas de emprego.
Quais serão no futuro os impactos dessas mudanças sobre as políticas públicas?
Pois bem, no futuro próximo não será bem assim. O que vem sendo esquecido nas análises do processo de envelhecimento da população é que o volume de pessoas que entram anualmente no mercado de trabalho está diminuindo. Por exemplo, segundo o Censo Demográfico de 2022, a população em idade produtiva no grupo etário 20-29 anos chegava a mais de três milhões de pessoas. Em 2032, neste mesmo grupo, serão, no máximo, cerca de dois milhões, considerando a hipótese irreal de que morrerão apenas 413 mil pessoas em 10 anos, entre as que tinham 10 a 19 anos, em 2022.
O Brasil passará do excesso para a escassez de mão de obra em poucos anos.