Lígia Jacques: planejamento e muita informação para garantir renda
O planejamento previdenciário como forma de garantir o benefício
Aos 65 anos, a jornalista Lígia Jacques desfruta sua aposentadoria após pouco mais de três décadas de intensa atividade profissional, sendo 27 anos dedicados ao trabalho na Rede Globo, onde produziu reportagens para todos os produtos jornalísticos da emis sora. Feliz com a própria trajetória, aos 60 sentiu o cansaço da rotina bater. Aos 63 anos resolveu, como ela mesma diz, “pendurar as chuteiras”. Atualmente Lígia se dedica ao voluntariado e a trabalhos que escolhe desenvolver.
Pena que a história de Lígia é a exceção e não a regra no Brasil. De acordo com pesquisa realizada pela Serasa, em 2024, seis em cada 10 aposentados brasileiros continuavam a trabalhar. A explicação está no valor médio pago ao aposentado, ano de 2024: próximo de R$ 2.200,00. “Ou a pessoa começa a se planejar cedo ou ficará à mercê de valores baixos. E cedo, é cedo mesmo! É tão logo ela inicie a vida profissional”, adverte a advogada especialista em direito previdenciário e direito do trabalho, Adriana Abras.
“Hoje o teto da previdência é de R$8.157,41 e esse não costuma ser o salário de jovens profissionais, o que vai fazer com que, no cálculo da aposentadoria, ninguém consiga receber exatamente o teto.” Por isso, segundo ela, é importante procurar um especialista para montar os melhores cenários possíveis dentro da realidade de cada segurado. “Economizar no valor repassado ao INSS é condenar seu futuro ao recebimento de benefícios baixos”, assegura a advogada.
QUANTO MAIS CEDO, MELHOR

Murilo Versiani de Senne e Costa, 55 anos, representante comercial, conta que começou a trabalhar em 1985, e em janeiro de 2011, começou a programar a aposentadoria. De lá para cá contribuiu ininterruptamente para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Ele não tem intenção de parar de trabalhar, mesmo assim acredita que “planejar a aposentadoria foi muito importante, visando uma renda no futuro, mesmo sabendo que o valor não será o suficiente. Porém, trata-se de um direito pelo qual paguei anos.”
O advogado e economista José de Calazans Lobato, especialista em previdência pública e privada, explica que o trabalhador pode aposentar-se por meio do sistema de seguridade social ou pela aposentadoria privada, instrumento que poderá assegurar, de forma programada, renda adicional ao trabalhador quando este decidir se afastar do mercado de trabalho.
Segundo Lobato, a aposentadoria por meio do sistema de seguridade social é o contrato de prazo mais longo do mundo e tem por de terminação da Constituição Federal de 1988 a manutenção do direito à dignidade humana e não a manutenção da qualidade de vida adquirida pelo segurado na data da sua aposentadoria.
“É fundamental que o segurado que passa a projetar-se na carreira, alcançando renda que o distancia a cada ano da média de renda dos brasileiros, passe a acumular patrimônio e/ou contribuir com previdências privadas pré-calculadas à renda que deseja ao aposentar-se.”
O pró-reitor acadêmico do Ibmec e professor de Finanças Eduardo Coutinho avalia que os títulos como o Tesouro Direto, disponível em quase todos os bancos do país, podem ser investimentos interessantes para o planejamento da aposentadoria, principalmente em um país como o Brasil no qual a renda é baixa. “É uma opção realmente acessível pois é possível começar com valores de R$ 50,00.” O pagamento do imposto de renda sobre este investimento incide sobre o lucro e não sobre o valor investido. O professor lembra: quanto mais próximo se está da aposentadoria, mais seguro deve ser seu investimento.
O que permitiu a Lígia selecionar o que fazer – e até não fazer – foi o planejamento previdenciário, que ela começou em 2000, e a decisão de pagar uma previdência privada e investir com objetivo. O planejamento exigiu informação: Lígia buscou junto ao INSS tanto pelo telefone quanto pessoalmente.
Pediu sua contagem de tempo, acompanhou sua situação como trabalhadora e recorreu à consultoria financeira. Evitou dívidas e parcelamentos: privilegiou o pagamento à vista e se possível com descontos; a diferença poderia ser aplicada para se aposentar. Lígia ressalta que sempre adotou estilo de vida simples, sem o consumo em ritmo acelerado, priorizando a educação das filhas. Sabe aquele comportamento de “eu mereço”? Não estava na cartilha de vida de Lígia.
Por mais de 20 anos a jornalista fez aportes mensais na previdência privada e agregou outras formas de investimentos. Aos 58, Lígia se aposentou no regime CLT, mas continuou a trabalhar, o que segundo ela foi fundamental: o FGTS e as bonificações recebidas pela aposentadoria foram aplicadas, engordando a poupança futura. Quando o futuro chegou, encontrou Lígia preparada e em paz com a vida.
SERVIÇO
Planos de Previdência Complementar Aberta: Oferecidos por instituições financeiras e seguradoras.
Principais tipos Plano Gerador de Benefício Livre: Indicado para quem faz a declaração completa do imposto de renda. Permite deduzir até 12% da renda bruta tributável anual.
Vida Gerador de Benefício Livre: Adequado para quem faz a declaração simplificada do IR. Não permite deduzir as contribuições no IR, mas tem vantagens fiscais no momento do resgate; apenas os rendimentos são tributados, e não o valor total.
Planos de Previdência Complementar Fechada:
Fundos de pensão Destinados exclusivamente aos funcionários de uma empresa ou membros de determinada categoria profissional. Exemplos: Fundos de previdência de estatais, bancos e grandes empresas

