Política

GLASNOST À BRASILEIRA?

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O comportamento caótico e intempestivo de Donald Trump, a agressiva reconfiguração do Oriente Médio imposta por Netanyahu, a ascensão da China, a Europa em declínio e a atuação estratégica de Putin na Rússia redesenharam a geopolítica global. A ONU e as demais instituições do pós-guerra perderam suas significâncias, enquanto um clima dantesco fomenta conflitos, populismos e guerras.

O Brasil, com um túrbido viés jurídico, por sua vez, alimenta um ciclo vicioso. 40 anos após a ditadura, a democracia brasileira procura um acerto de contas que pode interferir em seu futuro. Antigas feridas são cutucadas pelo revanchismo da esquerda e insufladas pelo Judiciário e pelo Executivo, com a cumplicidade do Legislativo. Bolsonaro, já réu, é a ponta de um iceberg que turbina uma política exacerbada. Nesse cenário, a confiança nos três poderes, notadamente no Supremo Tribunal Federal, transforma-se em descrença generalizada.

Luiz Fux abriu divergência quanto à capacidade dos ministros de sua turma em discernir e interpretar leis complexas. Essa mesma incapacidade foi questionada pelo ex-ministro Marco Aurélio, ao exteriorizar seu receio de ser julgado pela Suprema Corte. E, convenhamos, eles conhecem bem as dinâmicas daquele ambiente!

Além disso, Bolsonaro, sutil como um carro desgovernado, se apresenta como um sniper para arrebentar resistências institucionais, numa tentativa estéril de manter sua relevância. A fidelidade política que ele detinha, agora, se mostra difusa; ruem as correntes de apoio à medida em que sua prepotência é desidratada.

NESSE CENÁRIO PESSIMISTA, O BRASIL SE VÊ EM UMA ENCRUZILHADA E SEM UMA CLARA SAÍDA

Nesse cenário pessimista, o Brasil se vê em uma encruzilhada e sem uma clara saída. Lula, mesmo em agonia política, é maior do que o petismo, e Bolsonaro, reconheçamos, está bem menor do que se convencionou chamar de bolsonarismo.

Apenas o tempo dirá se esse processo levará a uma renovação concreta ou a uma nova incursão pelo caos. A coragem necessária para enfrentar esse momento crítico é vital, mas a incerteza que paira revela que a verdadeira liberdade, uma vez a percamos, é difícil de ser reconquistada. Quem será que vem por aí: Flávio Dino ou Tarcísio de Freitas? Ou nenhum dos dois?

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