Cultura

Hotel Londres na avenida Santos Dumond

VB ED282 AGOSTO capa onde tudo acontece

Hotel Londres: sair da mesmice e inovar

Foto \ Bruna Poti

 

         No quarteirão fechado da avenida Santos Dumont, está o Hotel Londres, aberto em fevereiro deste ano.

 

        O espaço tem 400 m² e é dividido em vários ambientes, permitindo que um público seleto – que só entra com nome na lista – desfrute de drinks clássicos, autorais e petiscos assinados por um chef renomado. De acordo com Janaína Renné, uma das sócias do local, a intenção é criar uma experiência diferenciada.

      “Queríamos sair da mesmice e inovar. Quem passa pela porta às vezes nem se dá conta de que funciona um bar ali, mas basta entrar para ser transportado para outro universo. A maioria da nossa clientela já rodou o mundo e conhece diversos locais fantásticos em outros países. Queríamos que eles vivenciassem algo diferenciado em BH também”, aponta.

        O bar funciona em um prédio tombado de quatro andares, fundado em 1934, onde inicialmente existia um hotel. Daí o nome Hotel Londres, até porque não há intenção de reativar a “antiga função” do espaço. “O bar funciona na parte de baixo e, nos outros andares, já estamos alugando para escritórios com pegada mais descolada. Nosso objetivo é continuar ocupando as salas”, diz Janaína.

       Saindo do “baixo centro”, e voltando para a avenida Afonso Pena, duas grandes novidades chegaram para agregar na agenda cultural da cidade. O Parque Municipal, que sofreu restrições de visitação durante a pandemia, não apenas voltou à sua rotina normal como também ganhou um charmoso espaço recentemente. No local onde funcionava uma lanchonete, agora opera o Parque Central Gastrobar.

VB ED282 AGOSTO onde tudo acontece p2
Parque Central Gastrobar: arquitetura que remete aos anos dourados

       A aura arquitetônica, que remete aos “anos dourados”, não é por acaso. O empresário Victor Gonzalez, fundador da casa, foi buscar referências nos arquivos públicos das décadas de 40 e 50 para guiar a reforma do espeço – assinado pelo escritório de arquitetura Studio 68. “Sempre gostei de coisas antigas, de dar atenção aos detalhes. Também quero aludir à uma época em que o parque era frequentado por todos, trazer uma pegada familiar”, explica.

       O cardápio é bem eclético e vai do pão de queijo com cafezinho coado ao petisco acompanhado de um bom drink. “Por enquanto estamos funcionando até o fim da tarde. Mas, em breve, queremos estender para a noite. Acredito muito no potencial econômico da avenida, acredito que podemos nos tornar uma Alameda Oscar Niemeyer”, aponta fazendo uma referência ao icônico calçadão gastronômico de Nova Lima.

       Para quem deseja ver BH de cima, basta andar poucos metros em direção à praça Sete e entrar no icônico Edifício Acaiaca. Por lá foi inaugurado há poucas semanas um mirante onde é possível ter uma vista 360º e apreciar diversos pontos caros aos belo-horizontinos, como a serra do Curral, o viaduto Santa Tereza e a igreja São José. A visita acontece em dias específicos, com hora marcada, e geralmente vem acompanhada de muita música.

       “Queremos proporcionar um momento de relaxamento, de encontro consigo mesmo. Lá de cima é possível se conectar com a natureza, mesmo estando no espaço urbano. O local recebe todos os tipos de pessoas. Vão famílias com bebês de colo até idosos. É um lugar de passeio mesmo, tanto para turistas quanto para a população local”, afirma Rosana Alkmim, gestora do mirante.

VB ED282 AGOSTO 1 onde tudo acontece p2
Terraço Acaiaca: propício ao relaxamento

       Por enquanto, o local não conta com bar ou restaurante estruturados. Mas, para quem dese[1]jar consumir algo, há opções de cervejas, vinhos e lanches. “É quase um serviço de conveniência o que proporcionamos atualmente. Está em nossos planos ter um menu e uma carta de drinks e melhorar a estrutura física, principalmente para proteger o local em época de chuvas”, revela.

       Apesar da visão privilegiada, o mirante não permite alcançar um local importantíssimo para essa efervescência que tem tomado conta do Centro: a praça Raul Soares. Antes conhecida pela sua insegurança e violência, hoje ela é praticamente um “imã” de novos negócios. Por ali vimos acontecer edições do Circuito Urbano de Arte (Cura), com obras colorindo as empenas dos prédios, e a ocupação da galeria São Vicente, que foi tomada por bares como o Palito, o Pirex e o Portaria 1959.

       Fora da galeria, mas bem perto do hype, está localizado o Babel – que ocupa o espaço do antigo Scaramouche, que funcionava na avenida Bias Fortes, no encontro com a praça Raul Soares. Com fachada chamativa e iluminada, o bar vem somar ao movimento de ocupação em torno do local e traz um cardápio tão diverso quanto o público que lá frequenta. As opções vão do polvo com lula ao bolinho de galinhada. Algo com certeza vai agradar ao paladar.

VB ED282 AGOSTO 2 onde tudo acontece p2

      “Por muito tempo o Centro foi esvaziado e agora temos visto essa retomada. Temos recebido gente que antes só frequentava os bares do Santa Tereza, Nova Lima, Prado e Lourdes. Sem falar no potencial turístico. BH não precisa ser só um ponto de partida para as cidades históricas, o pessoal pode passar alguns dias por aqui também e descobrir que há muito o que se fazer”, analisa o proprietário Alfredo Lanna.

       O empresário, aliás, também tem empreendimentos em outro ponto icônico da região central. Ele é dono da Pizzaria Panorama e do Botequim Sapucaí, ambos localizados na rua Sapucaí, que tem passado por algumas reformas. Ele também abriu recentemente o Tabaiares, localizado no mesmo quarteirão. “Acreditamos muito na força turística da Sapucaí. Não adianta apenas o poder público realizar melhorias se os empresários não apostarem no espaço também”, analisa.

Acesse o início da matéria na publicação anterior: “Onde tudo acontece” 

Compartilhe