José Fernando de Almeida ajudou a implantar o real e apostou no Porcão, hoje nas mãos do filho Fernando Júnior
Livro desvenda trajetória de José Fernando de Almeida
Ele foi um dos integrantes dentre os principais artífices do Plano Real. Com sua equipe, coube a ele a missão de contribuir para debelar o dragão da inflação durante o processo de uma audaciosa mudança de moeda naqueles primórdios dos anos 1990. O ano era 1992, quando, logo após o impeachment de Fernando Collor e sob a batuta do então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, o desafio do novo chefe do Executivo, Itamar Franco, estava lançado.
Era preciso acabar com a disparada dos preços FHC articulou dois grupos (de Harvard e da Roça, como gostavam de brincar) para, em julho de 1994, lançar o real, que já chegou chegando. Ele foi peça fundamental para que essa engrenagem desse certo. Estamos falando, desde o início desse texto, do funcionário de carreira e ex-presidente da Caixa e da Fundação dos Economiários Federais (Funcef), o mineiro de Abaeté, José Fernando de Almeida (1951-2023). Foi ele o principal articulador, que fez chegar à boca dos caixas, em tempo recorde, cada centavo e cédula da nova moeda, em uma mega operação de guerra. Ele morreu cedo, aos 71 anos, e nas palavras de sua biógrafa, July Diniz Mascarenhas. “Foi ator coadjuvante de um dos maiores projetos monetários do Brasil: o Plano Real, a troca de moeda ousada que zerou um processo inflacionário gigantesco.

Como presidente da Caixa à época, servidor concursado, tendo sido gerente de agências em 17 cidades do país, ele tinha um conhecimento profundo das necessidades ope racionais para executar a troca de moedas. Se os ‘economistas de Harvard’, como eram chamados os integrantes do grupo que idealizou o Real, foram os cabeças da operação, a ‘turma da roça’, como foram apelidados os servidores do interior de Minas Gerais, foram as mãos que executaram efetivamente o plano”, descreve no livro Na estação legado. Do pasto ao prato, uma obra que conta a história do pai de Fernando Júnior, o filho, hoje à frente da marca Porcão.
Orgulhoso da trajetória do pai, que o chamava de “Leão”, Fernando Jr. quis dividir a história daquele que tanto o inspirou com os amigos e companheiros de uma vida. “Ele tinha 43 anos quando atuou para que o real desse certo, mesma idade que tenho hoje”, lembra Júnior. O pai, nessa época, era o responsável por abastecer de dinheiro todas as agências da Caixa no Brasil em um dia e fazer o Plano Real acontecer. Quando FHC foi eleito presidente, José Fernando de Almeida foi gestor do terceiro maior fundo de pensão do Brasil, com um patrimônio de mais de R$ 50 bilhões, a Funcef. “O presidente Fernando Henrique Cardoso iniciou o processo de privatizações no Brasil: telefonia, Vale do Rio Doce, Telemar.
A Funcef participou como investidora em todos os leilões. Meu pai juntou-se ao grupo Oportunity, que era Funcef, Previ, Banco do Brasil e Petrobrás. Os fundos de pensão unidos para adquirir ações dessas empresas e ampliar seu patrimônio a patamares jamais vistos”, recorda Fernando Júnior em depoimento ao livro Estação Legado. Empreendedor que era e especialista em finanças, José Fernando apostou na abertura do Porcão em Belo Horizonte. Pouco depois da morte do pai, Fernando Júnior sempre inspirado por seu maior ídolo, o pai, apostou na compra da marca Porcão, adquirida em leilão. Hoje, da fazenda Porcão que herdou do pai, em Abaeté, sai toda a produção que abastece a loja. “A gente tem potencial para fazer mais carne do que o Porcão pode consumir. Assim, em breve, Montes Claros receberá sua primeira loja em 2026. É o legado se estendendo para outras formas de empreender.

