Produtores premiados: rotina mudada
FOTO: Tiago Almeida
Conquista inédita de queijo mineiro já rende bons frutos para produtores
O melhor queijo do mundo é mineiro, uai! O queijo Pedra do Segredo, produzido na cidade de Alagoa, no Sul do estado, recebeu o prêmio na categoria Super Ouro durante a ExpoQueijo Brasil 2025. “O diferencial do meu queijo é a tradição. São os produtos, todos naturais. Um queijo totalmente artesanal”, contou o produtor Jaime Porfírio de Barros, da Queijaria Pedra do Segredo.
Desde a conquista, em junho deste ano, Jaime Porfírio de Barros afirma que a rotina não é mais a mesma. “A minha vida já mudou. São muitos clientes querendo queijo, mas não tenho mais nada. Acho que o futuro vai ser muito bom, principalmente para os meus filhos, que são jovens ainda, que estão na roça e gostam de trabalhar com isso. Eu vejo para eles um futuro muito grande.” Com 2 mil habitantes, a cidadezinha de Ala goa ficou em festa junto com seu ilustre produtor, e não é para menos: esta foi a primeira vitória brasileira na história do prêmio Super Ouro do International Cheese Awards, principal competição de queijos artesanais das Américas.
A iguaria, que tem como ingredientes únicos o leite, o coalho, fermento e sal, foi avaliada entre mil amostras de 16 países inscritos na competição. Concorreu na categoria queijo de leite cru, casca lisa e/ou lavada, – com ou sem aquecimento. De massa semicozida, consistente, pele amarelada e centro cremoso, o queijo Pedra do Segredo apresenta cristais de tirosina – considerados sinal de qualidade e sabor – formados naturalmente, durante a decomposição das proteínas em aminoácidos. Sua maturação, superior a 180 dias, é natural, uma vez que o queijo fica exposto na prateleira.
Não passa, segundo o produtor, por controle de umidade, de temperatura e muito menos conta com cave especial, não sofrendo interferência ex terna. O clima da região é considerado, por Porfírio de Barros, fator que torna o produto tão especial. Essa foi apenas a segunda participação da queijaria na ExpoQueijo, feito inédito ao superar concorrentes da Europa e da América Latina. “Alagoa é um lugar muito pequenininho e esse prêmio não é só meu. Acho que vai agregar para todo mundo. Eu não consigo abastecer o mercado sozinho.
Vão comprar de um vizinho, vão comprar de um amigo. Acho que vai ser muito importante para a cidade”, afirmou o produtor campeão. Produtores de cinco países foram premiados com medalhas de ouro na edição 2025 da competição. A italiana Latteria di Branzi venceu na categoria queijo de leite cru com casca tratada, com o Stracchino alla Antica delle Valli Orobiche. “Esse queijo já ganhou ouro em 2021. Nós somos uma cooperativa e, quando a gente vem pela Itália, estamos representando os produtores que, assim como nós, acreditam em um queijo de identidade”, afirma o engenheiro agrícola ítalo-brasileiro e especialista na produção de queijos, Pedro Domenguini Albano.
A Argentina levou ouro com o queijo Cuatro Esquinas, na categoria de queijo pasteuriza do com casca tratada. O Peru também teve uma amostra reconhecida com medalha de ouro. O Uruguai conquistou a prata em uma das categorias de queijos aromatizados maturados e a França ficou com o bronze na categoria Leite de Ovelha. Também receberam medalhas produtores de estados como Amazonas, São Paulo, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.
Os produtos foram avaliados por um corpo técnico de mais de 200 jurados nacionais e internacionais, em três fases distintas. Principal evento do segmento nas Américas, a ExpoQueijo Brasil 2025, onde ocorre o International Cheese Awards, tem reconhecimento e participação dos principais países produtores e atrai a atenção da comunidade internacional, de especialistas e da imprensa. O encontro tem impacto no turismo, varejo, agropecuária, logística, indústria alimentícia, de suprimentos e relações internacionais.