Há um certo mistério naquilo que nos atrai na outra pessoa. A atração sexual elude uma descrição precisa, porque não há nada muito rígido em nosso comportamento sexual. Cada um tem exigências libidinais variadas e singulares, mesmo que não o saiba. Há muitos fatores que atraem, mas outros tantos são neutros ou afastam, repelem. Nenhum deles é universal ou generalizável. Freud postulou que somos movidos por uma energia tanto psíquica como somática que ele de nominou Trieb, termo traduzido como pulsão.
A pulsão sexual, em seu aspecto psíquico, foi denominada libido, palavra derivada do latim, significando vontade, desejo. Para ganhar sua forma individualizada, a energia pulsional vai circular pelo aparelho psíquico do indivíduo e o modo como vai se manifestar dependerá dos mecanismos de representação que irá então adquirir, bem como das fantasias que lhe servirão de enredo.
A pulsão sexual humana não irá se dirigir para qualquer homem ou mulher, nem necessariamente o alvo será homem ou mulher. Irá à cata de algo que prometa oferecer prazer. Vai ser um jogo de ensaio e erro, porque as cartas são dadas à revelia da consciência. Quando houver um encontro prazeroso, ela vai querer e tentar manter um relacionamento que pode ou não ser duradouro – paquera, namoro, caso, casamento. Quando encontra satisfação, a pulsão costuma se aquietar; caso contrário, bate as asas e vai-se embora em busca de novas paragens.
QUANDO ENCONTRA SATISFAÇÃO, A PULSÃO COSTUMA SE AQUIETAR
A libido é maleável, caprichosa, surpreendente. Vai despertar mesmo sem entender por quê. Será que foi o jeito de olhar? O movimento das mãos? A cor dos cabelos? O modo de falar? Um quê qualquer fisgou a fantasia, parecendo prometer delícias e despertando a vontade de aproximação e intimidade. O que se segue dependerá da reação do outro, como em uma dança. O par pode ter afinidade ou não. Seu lado caprichoso rejeita muitos alvos, mas pode se encantar com diferentes aspectos da mesma pessoa ou gostar de certas coisas e se exasperar com outras.
Tem vocação nômade, aventureira, o que lhe dá variedade, leveza e graça. Circula, se espraia, se compraz – mas dificilmente se deixa capturar. Até nos relacionamentos amorosos mais fiéis ela continua girando por aí – mas isso não significa que haverá traição, porque o vínculo de fidelidade é uma decisão consciente, racional, com a qual a libido frequentemente irá de se debater.
