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Cibele

Separações e términos

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         Qualquer que seja o motivo, rompimentos amorosos são sempre difíceis e sofridos. Tudo que diz respeito ao amor é forte, poderoso e envolve um alto nível de investimento de vida. O término é como uma falência: a ruína de sonhos, expectativas, planos e realizações, como se, de repente, não restasse pedra sobre pedra, tudo sendo levado pela turbulência da dor.

         A verdade é que nenhum rompimento se dá repentinamente. Os sinais estavam todos lá. Pode ser que um dos parceiros não tenha se dado conta, por descuido ou por negação. Aí, então, pode parecer que a bomba explodiu do nada. Mas, numa análise minuciosa, fica patente que o fim já vinha sendo anunciado pelos esquecimentos, indelicadezas, desatenções e, o mais cruel de tudo, pelo desprezo que vazava nos olhares de reprovação e nas duras críticas.

         Por mais que o fim fosse desejado pelo menos por um dos envolvidos, tudo que se perde num término ficará aguardando entendimento, explicação, elaboração. Uma a uma as coisas vividas apresentarão sua fatura: engano por engano, decepção por decepção, amargura por amargura. Há também que se despedir de tudo que foi bom e passou: cada belo momento vivido, todo plano que se realizou, todos os sonhos tecidos a quatro mãos e que agora se desfazem.

        O rompimento impõe rever e confrontar as expectativas de cada um

         O amor enfeitiça e pode ser traiçoeiro, cegando, iludindo, aprisionando o amante numa rede diáfana, mas forte o suficiente para paralisar as ações e inibir o livre pensar. O rompimento impõe rever e confrontar as expectativas de cada um – elas costumam ser mirabolantes e irreais, pois costuma-se esperar muito mais e muito além do que seria razoável. A frustração é grande e vem acompanhada de um enorme sentimento de derrota mesmo, repito, para quem escolheu botar o ponto final.

         Aprender com a experiência e não incorrer nos mesmos erros e deslizes seria o ideal, algo raramente atingível, como sempre teimamos em desconhecer. Não se aprende muito com o fim de um relacionamento. É costumeiro repetir os mesmos velhos erros. O voo nas asas do sentimento amoroso se dá sem grande visibilidade e não podemos esperar que prepare alguém para coisa alguma.

          Quase todo término é um processo que exige elaboração, não um acontecimento pronto e acabado.