Economia

Passando o bastão

Passando o bastao

Fotos:Divulgação

 

Líder Aviação anuncia Junia Hermont como CEO a partir de 2024, sendo a primeira presidente mulher em 65 anos de empresa, e Bruna Assumpção assume o cargo em 2029

 

 

Passando o bastao

Junia Hermont: “Somos únicos no mundo”

 

            Maior empresa de aviação executiva da América Latina, a Líder Aviação mostra que um bom planejamento e planos a longo prazo fazem parte da sua receita de sucesso. Prova disso foi o seu recente anúncio de sucessão, nomeando Junia Hermont como próxima presidente da companhia. Ela será a primeira mulher a assumir a presidência da empresa em 65 anos e ocupará o lugar do atual CEO, Eduardo Vaz. Bruna Assumpção, neta do comandante José Afonso Assumpção, fundador da empresa, assume a presidência a partir de 2029.

 

Passando o bastao
Hangar da Lider: empresa oferece praticamente todos os serviços

 

              Atual Chief Operating Officer (CCO), Junia é formada em administração de empresas e entrou na Líder em 1998, como gerente no aeroporto de Congonhas (CGH), em São Paulo. Em 2005, foi transferida para Belo Horizonte, sua terra natal, onde assumiu o atual cargo e que está deixando depois de 18 anos. “Eu havia trabalhado em uma outra grande empresa, mas assim que entrei no hangar da Líder em Congonhas eu me apaixonei pela aviação”, conta Junia.

               Na época, ela foi entrevistada pelo próprio Eduardo Vaz, que buscava por alguém com conhecimento em finanças, mas que também pudesse atuar nas áreas de comercial e gestão. “Isso porque a empresa estava criando uma nova unidade de negócios, o de atendimento aeroportuário. Foi um grande desafio, uma vez que eu não vim da área da inovação e ainda havia o desafio de estruturar essa nova área”, diz.

               Além dos 25 anos de experiência na Líder e sua passagem por outras grandes empresas antes de entrar no universo da aviação, Junia destaca também sua ampla bagagem acadêmica – incluindo pós-graduação em finanças e em marketing e um MBA empresarial. “Também ressalto a importância do Eduardo, que é o meu mentor e quem me preparou. Desde o primeiro dia de empresa foi o meu líder e sempre trabalhamos lado a lado”, afirma.

               Junia também destaca que a Líder é uma em[1]presa completa e que oferece praticamente todos os serviços no que diz respeito o mercado da aviação. “Vendemos aviões, fazemos manutenção, operamos helicópteros, vendemos seguros e, recentemente, também passamos a oferecer treinamento. Somos a empresa pioneira a trazer três simuladores de voo para helicóptero que operam com a indústria de óleo e gás”, afirma.

 

Passando o bastao
Frota moderno e treinamento garantem segurança

 

               Isso, inclusive, é apontado por ela como um dos grandes desafios para o futuro. “Somos únicos no mundo, pois atuamos em todos os segmentos. É um desafio manter o crescimento de todos os segmentos em que atuamos e ainda manter a inovação, que é uma das nossas marcas principais. Fomos os primeiros a operar um avião bimotor no Brasil e a ter representação de vendas de aeronaves no Brasil. Outro desafio é continuar formando o time, incluindo a Bruna, diretores e outras lideranças”, reflete.

              Para os próximos anos, ela também destaca oportunidades e desafios no setor de operação de helicópteros, maior negócio da empresa atualmente. “O mercado global está muito demandante e a indústria de óleo e gás tem demandado muito mais contratos. Por outro lado, tem havido até uma escassez de helicópteros e de peças por conta dessa demanda mundial. Há crescimento forte, mas também desafios de ter as máquinas, as peças e mão de obra preparada”, analisa.

              Representante de um marco histórico na empresa, sendo a primeira mulher a ocupar o cargo mais alto desde que a Líder foi fundada, ela afirma que se trata de um passo muito importante. “Também fui a primeira diretora mulher da empresa e isso mostra que a Líder realmente dá espaço para mulheres. Espero abrir espaço para outras. Hoje, temos 40% de mulheres em cargos de liderança”, diz.

 

Passando o bastao

Bruna Assumpção: “As escolhas são baseadas no desempenho de cada um”

 

             Segundo ela, a aviação ainda é um universo muito masculino e é importante inclusive dar oportunidades para que mulheres ocupem cargos técnicos, de manutenção e voo. “Atualmente, as mulheres representam apenas 17%. Por exemplo, temos mais de 300 pilotos, mas só três são mulheres. São áreas que elas ainda não exploram tanto”, aponta.

              Seguindo o plano de sucessão, Bruna Assumpção assumirá novas unidades de aviação executiva da empresa e se prepara para assumir a presidência da Líder em 2029. Neta do comandante José Afonso Assumpção, fundador da empresa, nem sempre ela esteve envolvida diretamente no negócio.

             “Eu e minha geração sempre crescemos ouvindo que família e empresa não se misturam. Então, apesar do meu pai ter trabalhado na empresa por mais de 40 anos e ser muito próxima do meu avô, eu via a Líder muito distante de mim no sentido profissional. Então, eu me formei em administração de empresas e também trabalhei como modelo”, relembra.

             Na mesma época em que Bruna se formava em administração, o comandante investiu em um outro negócio, o shopping Pátio Savassi, e a jovem enxergou na época uma oportunidade de estágio e de ingressar nos negócios da família. “Recebi dois nãos e, na terceira tentativa, ele concedeu a vaga afirmando que não sabia se isso seria o melhor para mim. A partir daquele momento, meu compromisso foi provar o contrário”, afirma.

             Bruna atuou no shopping por várias áreas nos cinco anos que esteve por lá, incluindo a época em que a gestão passou para a Multiplan.

 

Passando o bastao
Empresa tem 21 bases em todo o Brasil

 

             “Em 2010, recebi um convite do meu avô para ingressar na Líder. Entrei em uma das cinco unidades de negócio, voltada para táxi aéreo. Por lá eu fui atendente da central de fretamentos, coordenadora de voos e me tornei gerente- -geral comercial da unidade”, conta.

             Nessa época ela já tinha tido várias formações, incluindo uma especialização em gestão de negócios e um MBA executivo empresarial, ambos na Fundação Dom Cabral. “Após entrar na Líder, e já pensando na transição, me formei em julho deste ano em um programa de Harvard, nos EUA, com duração de seis meses. Também acabo de ser aprovada em outro programa de Harvard voltado para presidentes e proprietários de grandes empresas. Tem duração de três anos e é um privilégio ter tempo para me preparar”, revela.

              Em 2012 o comandante propôs um novo desafio para Bruna. “Saí da parte executiva e fui realizar ações mais macro, como controler e fazer parte do conselho”, aponta. Em 2018 ela voltou para o time executivo, assumindo a superintendência de duas das cinco unidades de negócio: fretamento e gerenciamento e também a manutenção. “Em julho deste ano também me tornei responsável pela terceira unidade, que é a venda de aeronaves, e em 2024 assumo uma quarta unidade, voltada para atendimento aeroportuário”, fala.

            Com toda essa bagagem, o nome de Bruna foi se tornando uma opção forte para uma futura presidência. “A empresa é muito pioneira e o comandante sempre pensa a longo prazo. No alto dos seus 90 anos, ele está pensando em projetos para o futuro e nos próximos passos. Pensando nisso, ele e o Eduardo pensaram nessa sucessão reconhecendo todo o mérito da Junia e já pensando no futuro que queremos ter para a empresa”, aponta.

              Sobre o fato de serem duas mulheres seguidas na presidência, Bruna afirma que a Líder sempre priorizou meritocracia e reconhecimento de competências. “Não existe esse tabu dentro da empresa. Essa transição não tem a ver com gênero, mas sim com capacidade. Sempre foi dessa forma, as escolhas realmente são feitas baseadas no desempenho de cada um”, afirma.          

             Para o futuro, Bruna aponta que se manter atualizado é um dos principais desafios. “Por mais que nos planejemos, sabemos que o mundo é muito dinâmico e que as mudanças são muito rápidas. O sucesso que tivemos até hoje não garante o sucesso no futuro. É nossa missão manter o nosso pioneirismo e visão estratégica em todos os momentos. A inovação é um dos nossos valores”, garante.

            A futura presidente também reforça que a segurança é outra grande preocupação da empresa. “E nem estou falando só da segurança de voos, pois isso é lógico. Mas também da segurança financeira, tributária, jurídica e em relação aos nossos colaboradores”, diz.

            Ao mirar o futuro, ela frisa que também é importante reverenciar o passado e ressaltar o legado deixado pelo avô. “Sermos hoje a maior empresa de aviação executiva da América latina já diz muita coisa. Ele e o Eduardo deixaram um legado baseado no pioneirismo, em sempre prestar atenção aos detalhes e sempre buscando o melhor para os clientes. Apesar de estarmos sempre nas nuvens, os nossos pés estão sempre no chão”, fala.

 

Compartilhe