Formações geológicas impressionam pela grandiosidade
FOTO:Marcelo Barbosa
Reconhecimento do Vale do Peruaçu pela Unesco traz oportunidades para desenvolvimento do turismo sustentável
Localizado no Norte de Minas Gerais e ocupando área que abrange os municípios de Januária, Itacarambi e São João das Missões, o Vale do Peruaçu abriga mais de 500 formações geológicas catalogadas, pinturas rupestres que datam da pré-história – cerca de 12 mil anos atrás – e cânions imponentes. Este conjunto único, que reúne ecossistemas da mata atlântica, do cerrado, da caatinga e guarda um pouco da história da humanidade, foi reconhecido, em 13 de julho, pela Unesco, como Patrimônio Natural Mundial da Humanidade.
Um dos destaques do lugar é a gruta do Janelão, cujas galerias ultrapassam 100 metros de altura e 60 de largura. Também a Perna da Bailarina, a maior estalactite do mundo, com aproximadamente 28 metros de comprimento Aberto à visitação desde 2014, o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, criado para preservar este complexo natural, recebeu, ano passado, 14 mil visitantes, conforme informações da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult).
Mas a expectativa, de acordo com a pasta, é dobrar o número de visitantes para os próximos anos. “Estamos prontos para acolher cada um com o cuidado que esse lugar exige”, afirma o secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira. Segundo o secretário, desde 2021 existe uma atuação planejada na região para promover melhoria da infraestrutura. Em 2024, Minas investiu R$ 150 milhões para reestruturar sete parques naturais, com destaque para o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu.
As ações incluíram sinalização ecológica e bilíngue, implementação de sistemas de energia solar e de comunicação, criação de centros de visitantes, reforço na fiscalização, construção de passarelas de proteção ao sítio arqueológico. Também houve a promoção de capacitação de condutores locais, incentivo ao turismo de base comunitária e o fortalecimento da economia criativa. Não há lojas nem restaurantes dentro do par que; tudo é natureza e silêncio. O visitante deve levar água, lanche leve, protetor solar, repelente, roupas confortáveis e calçados apropriados para trilha. “E, acima de tudo, deve ir com o coração aberto. A experiência é de conexão profunda”, avalia Oliveira.

As pousadas familiares e os serviços turísticos estão nos arredores, onde comunidades acolhem os viajantes como quem recebe em casa. “É o turismo de afeto, de troca; e um trabalho realizado em conjunto com os municípios de Januária, Itacarambi e São João das Missões, em parceria com ICMBio, Sebrae, Iphan e sociedade civil”, avalia o secretário. São necessários quatro dias para conhecer as principais atrações; todas exigem acompanha mento dos condutores ambientais, que são trei nados e credenciados pelo Instituto Chico Mendes pela Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para uma experiência segura.
De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão responsável pela indicação do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu ao título de patrimônio da humanidade, o lobo-guará, o gato-maracajá, o gato-palheiro, a onça-pintada, o jacu de barriga castanha, o cara-dourada, a onça parda e o cambeva, animais ameaçados de extinção, têm o Peruaçu como habitat e ali são protegidos também pelos índios Xacriabás, que vivem na área.
“O título da Unesco é um ponto de partida, não de chegada. Intensificaremos ações de divulgação nacional e internacional, por meio de campanhas, feiras, presstrips e parcerias com operadores de turismo. Ao mesmo tempo, reforçamos a conservação e a gestão do território, sempre em diálogo com quem vive ali”, afirma Leônidas Oliveira.
PROGRAME-SE PARA VISITAR
A sede do parque fica na comunidade do Fabião I, às margens da BR 135, km 155. Partindo de Januária, são 45 km. O acesso até a entrada pode ser feito de ônibus ou carro e os roteiros do local demandam veículo motorizado.
COMO CHEGAR
De avião: o aeroporto mais próximo é o de Montes Claros, que fica a 200 km da entrada do parque. A partir daí é possível ir de ônibus de linha até Januária ou Itacarambi. De ônibus: é possível chegar a Januária ou Itacarambi, vindo de Brasília, Belo Horizonte ou Montes Claros. Horário de funcionamento: de terça a domingo, das 8h às 18 h.
A entrada é permitida somente até as 14h, exceto no Arco do André, que tem entrada permitida até as 12h. O parque pode ser visitado o ano todo e a entrada é gratuita. É necessário a contratação de condutor, sendo um condutor para cada grupo de oito pessoas, exceto na Lapa Bonita e no Arco do André, onde cada guia pode levar apenas cinco visitantes.
O contato e a negociação de valores devem ser feitos diretamente com o guia credenciado, antes da visita. Menores de 5 anos não são contabilizados nas formações dos grupos A visitação somente estará confirmada após o recebimento, por parte do turista, do e-mail de confirmação.
ATENÇÃO
O parque está inserido em uma área endêmica do mosquito palha (Phlebotominae) transmissor da leishmaniose, sendo essencial o uso de calça comprida, blusa de manga comprida e o uso de repelente. O parque não possui serviço de resgate. Por tanto, fique atento.