Política

Pauta Municipalista

vb ed296 outubro 25 b capa pauta municipalista

Luís Eduardo Falcão: “Municípios vivem situação de humilhação

FOTO\ TIÃO MOURÃO

 

Presidente da AMM, Luís Eduardo Falcão, diz que concentração de recursos sufoca municípios e gera descrédito da população nos políticos

Representante da nova safra de políticos mineiros, Luís Eduardo Falcão tem dado mostras de que pretende deixar sua marca. Convidado do almoço-palestra do Conexão Empresarial, evento promovido pela VB Comunicação, revista Viver Brasil, blogdopco e jornal O Tempo, o prefeito de Patos de Minas e presidente da Associação Mineira de Municípios contou que foi eleito para o primeiro mandato em 2020. Ele entrou na disputa como azarão, porque ninguém acreditava que ele conseguiria vencer “o candidato do senador, do ex-ministro e ex-vice-governador”. Em seu segundo mandato, entrou em outra campanha para assumir a maior associação de municípios da América Latina, a Associação Mineira de Municípios.

O embate seguiu o mesmo roteiro, segundo Falcão. O outro candidato tinha apoio, prestígio e a entidade nas mãos. Mas perdeu e ele, Luís Eduardo Falcão, assumiu o comando da AMM em maio e, desde então, tem organizado encontros regionais para debater a pauta municipalista. Essa movimentação tem chamado a atenção de políticos e partidos. Ele chegou a ser convidado a ser vice na chapa do senador Cleitinho, pelo Republicanos.

Sem fechar sobre o assunto revelou que qualquer decisão que tomar será consultando a população que o elegeu para um mandato de quatro anos. Mesmo porque, entende, o quadro político está muito confuso. “São três candidatos: um diz que não quer ser, que é o Rodrigo Pacheco. O outro está no Senado e ainda tem muito o que fazer por lá e o terceiro é o vice-governador Ma teus Simões.” Em comum, ele reclama que nenhum dos três tem conversado com os prefeitos sobre as dificuldades enfrentadas por eles.

Para Falcão, “a política bem-feita é a maior ferramenta de transformação que podemos ter”. Mas reclama que as atenções dos partidos estão voltadas para a elaboração da chapa de deputados federais, pensando no quanto podem ganhar com o Fundo Partidário. Os outros assuntos, como um projeto de governo, acabam ficando de escanteio. “Os partidos deixaram de se preocupar com a vida dos brasileiros”.

O presidente da AMM também reclamou do governador Zema que, segundo ele, fez um bom primeiro governo, arrumando a casa e pagando as dívidas deixadas pelo governo do PT. A expectativa, no entanto, era de que no segundo mandato Zema daria mais um passo e, até agora, esse passo não foi dado. As prefeituras, segundo Luís Eduardo Falcão, passam por sérias dificuldades, principalmente as menores, com menos de 10 mil habitantes, que “não têm recursos nem para fazer o meio-fio”. A concentração de recursos na União é um verdadeiro “sequestro dos recursos de quem paga impostos”. Brasília, segundo ele, fica com 70% dos recursos, os estados, com 20% e os municípios, com apenas 10%. “A vida acontece nos municípios.

Para que os recursos voltem para a cidade é preciso pagar ‘pedágio’. Está errado e por isso o descrédito tão grande da população nos políticos”. As prefeituras precisam fazer “malabarismo” para conseguir manter os serviços essenciais. “Não é exagero dizer que os municípios vivem uma situação de humilhação. Quando conseguimos resolver um problema, surgem outros 10”, afirma. Além do “sequestro” de recursos dos impostos, Falcão disse que são aprovados vários programas que acabam recaindo para os municípios, que, além das dificuldades para a manutenção dos serviços, têm que arcar também com a obrigação de mantê-los.” Para Falcão, é preciso que os municípios deixem de ser tão dependentes do governo federal. Mas entende que “não é de interesse dos políticos mudar essa realidade”.

Ele lembra que 70% da população vive no interior e as prefeituras, mesmo com as restrições que enfrentam, mantêm estruturas que deveriam ser responsabilidade do Estado, como é o caso dos convênios realizados com a Polícia Militar para manter a estrutura física para os policiais e até a gasolina. Mas o que mais o incomoda é o extremis mo. Ele disse que mesmo não sendo do campo político do senador Rodrigo Pacheco, após um encontro de interesse da sua cidade, Patos de Minas, recebeu centenas de críticas. Ele lembra que política é diálogo e o fato de estarem em campos opostos não significa que são inimigos e isso precisa mudar para que o país avance.

Compartilhe