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PBH avança na busca por controle da infestação de árvores pelo besouro metálico

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Pesquisa realizada na Fundação Zoo Botânica já mostram os primeiros resultados.

Após oito anos de intensas pesquisas e a perda de várias árvores na capital, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) começa a colher os primeiros resultados no combate à infestação de árvores pelo besouro Euchroma gigantea, popularmente conhecido como besouro metálico. Considerada uma das mais recentes pragas urbanas descobertas, o inseto já causou a morte e destruição de milhares de indíviduos na cidade.

A pesquisa vem sendo conduzida, de forma inédita, pela engenheira agrônoma Maria Aparecida Rocha Resende, do Jardim Botânico da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB). Espécimes arbóreas infestadas pelo inseto monitoradas dentro do estudo mostram os primeiros sinais de recuperação dos danos causados pela praga.

O resultado foi possível após a aplicação de uma primeira leva de compostos – um de origem química e outro de origem biológica – utilizados no tronco por meio do método chamado de endoterapia (técnica de tratamento através da injeção no tronco das árvores em área específica e direcionada da planta, sem acometimento de partes não afetadas).

Um baobá, localizado na área da Zoobotânica, infestado pelo inseto e tratado pela pesquisadora, floresceu e frutificou em fevereiro deste ano – fato inédito em pelo menos 15 anos de acompanhamento da árvore – e vem mantendo sinais de saúde até o momento. Outro exemplo é uma munguba, também localizada nesse espaço, que apresentou regeneração das galerias criadas pelo besouro quando ataca o tronco da árvore.

Testes realizados há cerca de dois anos, exclusivamente em laboratórios do Jardim Botânico e em árvores situadas dentro da Zoobotânica de BH, têm sido fundamentais para viabilização e obtenção dos resultados da pesquisa na tentativa de controle do inseto. Eles têm sinalizado para resultados positivos quanto ao controle da infestação e do acometimento das plantas atacadas.

As árvores que estão sendo tratadas com os compostos são exemplares de mungubas (Pachira aquática), paineiras (Ceiba speciosa) e baobás (Adansonia digitata L.) e vêm sendo monitorados há mais de cinco anos dentro do estudo.

Os testes estão sendo realizados por Maria Aparecida, em parceria com o professor Fernando Valicente, pesquisador da Embrapa Sorgo Milho/MG; com o professor Antônio Euzébio Santana, da Universidade Federal de Maceió/Al e com a Empresa BayControl que, por meio do Programa Parceiros da Natureza da FPMZB, viabilizou o uso de um equipamento importado específico para a endoterapia nas árvores, garantindo maior eficiência nos testes.

Nas três espécies de árvores selecionadas para o tratamento já foi percebido algum sinal na fisiologia da planta indicando recuperação do dano causado pela praga após o uso da técnica com apenas uma etapa de aplicação. “Não podemos ainda afirmar a relação dos fatos de forma categórica, mas é um sinal bastante positivo notar que a árvore, após os testes, passou a seguir o processo natural da evolução da planta e, ainda, de regeneração das lesões nos troncos das árvores, diminuição de queda dos galhos, dos troncos, das folhas e do abortamento dos frutos, apresentando aumento na formação da copa, sem sinais aparentes da atividade e presença dos insetos adultos, larvas, pupas e posturas”, afirma a pesquisadora da FPMZB.

Todas essas características, portanto, sinalizam para um quadro de melhora da saúde e desenvolvimento fisiológico da árvore que havia sido atacada pelo besouro. “Seguiremos com os testes com técnicas e compostos distintos, concomitantemente, e consolidando e monitorando os resultados para, em breve, poder publicar as novas descobertas e avançar numa solução viável em nível de aplicação urbana com eficácia e segurança”, diz Maria Aparecida.

O besouro e a infestação em BH

O besouro Euchroma gigantea, também conhecido por besouro metálico, chama atenção por sua cor iridescente e porte exuberante. Até então pouco conhecido pela literatura científica, teve seu primeiro relato técnico em BH realizado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente em 2013, ocasião em que passou a chamar a atenção dos profissionais e técnicos da Prefeitura de Belo Horizonte.

Os insetos adultos alimentam-se dos caules, folhas e flores, enquanto as larvas buscam o alimento nos troncos e nas raízes das árvores, tendo preferência pelas mungubas (Pachira aquatica) e pelas paineiras (Ceiba speciosa), formando extensas galerias que deixam as árvores ocas e com risco de queda em vias públicas, colocando em perigo a população de Belo Horizonte.

 

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