Política

POLÍTICA E ECONOMIA: UM CHOQUE SEM FIM

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FOTO\ REPRODUÇÃO INTERNET

 

O Brasil é um país que insiste em testar os limites da paciência entre política e economia. Sempre que a economia pede racionalidade, a política responde com improviso. Quando a política cobra pragmatismo, a economia responde com números implacáveis. No fundo, é uma relação tóxica: um casamento em que um parceiro gasta compulsivamente e o outro tenta esconder a fatura debaixo do tapete.

A cada ciclo, o enredo se repete. O governo anuncia um “novo regime fiscal”, que dura o tempo de uma temporada de novela. O Congresso pressiona por mais gastos, em nome da “justiça social”. O mercado reage com caretas, o dólar sobe e o Banco Central vira vilão de ocasião. Nenhuma das partes está realmente interessada em equilíbrio: a política precisa de votos, a economia exige contas que fechem. Só que votos não se compram com superávit, e contas não fecham com populismo. Parece uma ópera bufa: ministros disputam holofotes enquanto governadores mendigam repasses e corporações ameaçam greves.

 

ATÉ QUANDO SERÁ POSSÍVEL VENDER ESTABILIDADE EM PARCELAS?

 

No entanto, quem paga a conta é o próprio povo, com juros altos, inflação explícita ou disfarçada e crescimento raquítico. No Brasil, o choque entre política e economia não é acidente: é método. A política usa a economia como bode expiatório; a economia se resigna a ser o fantasma que assombra orçamentos em forma de castelo de cartas. O Executivo, o Legislativo e o Judiciário se unem e, sem a menor cerimônia, transformam a nossa economia em um supositório de arame farpado. E assim seguimos: um país que tem tudo para dar certo, mas que insiste em transformar cada oportunidade em crise.

Não se trata de esquerda ou direita, mas de uma elite poderosa que descobriu que, enquanto houver crédito, sempre haverá como adiar o colapso. A ver dadeira pergunta é: até quando? Até quando será possível vender estabilidade em parcelas, esconder o déficit em contabilidade criativa, maquiar estatísticas como se fossem cosméticos de campanha? O Brasil vive de remendos. O choque entre política e economia não gera faíscas criativas: apenas curtos-circuitos. No Brasil, a junção da política com a economia vira um purgatório de vaidades onde até os cassados sonham com reeleição. E nós, eleitores, seguimos na plateia, rindo amargamente da comédia — até que vire tragédia.

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