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Neste mês o país celebra o trigésimo aniversário do Plano Real, que eliminou a hiperinflação e mostrou para a população a importância de se ter uma moeda estável. A inflação é uma doença da economia que age como um imposto invisível corroendo o poder de compra dos assalariados e, em consequência, aumentando a concentração da renda, ao mesmo tempo em que gera incertezas no mercado, promovendo imprevisibilidade para investimentos. Ademais, hiperinflação é inimiga da democracia, pois cria instabilidade política e atrai o autoritarismo. A moeda estável é um bem público a ser preservado. A população brasileira aprendeu essa lição rapidamente com o Plano Real.
Desde os anos 80, o Brasil vivia um quadro de hiperinflação. A inflação anual, em fevereiro de 1994 era de 3.035,7% e, em junho de 1994, no mês que antecedeu a primeira emissão do real era de 4.922,6%. Atualmente, a inflação anual está em 3,9% (acumulada até maio deste ano) e o Conselho Monetário Nacional (CMN) acaba de fixar sua meta para os próximos anos em 3% anuais. Os números falam por si. O Plano Real foi o mais bem sucedido programa de estabilização da história do Brasil. Já são 30 anos de inflação dominada (um recorde histórico).
O sucesso do Plano Real baseou-se na aliança entre conhecimento técnico com liderança política. A equipe econômica trazia experiências fracassadas como o Plano Cruzado e conhecia os diferentes planos executados mundo afora (seus acertos e seus erros). A ideia da criação da URV foi fundamental para o sucesso do Plano. O presidente Itamar Franco, depois de vários ministros da Fazenda, entregou essa tarefa a Fernando Henrique Cardoso, então senador, que mobilizou um grupo de economistas competentes, criativos e experientes, e usou sua própria competência política para negociar com o Congresso a aprovação das medidas legais necessárias e para explicar ao país o que seria feito e o porquê da cada medida.
Em um ambiente de instabilidade política, Itamar Franco, vice-presidente no exercício da presidência, após o impeachment de Collor, colocou sua autoridade de chefe de Estado e do governo para garantir a execução do Plano Real. Foi seu principal fiador. Vida longa ao Real.