Comportamento

Raízes e destinos das polaridades

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Num mundo que se rege por polaridades no campo político, social, econômico, esportivo, sexual, enfim, talvez em quase todos os campos da existência humana, ouso trazer esta questão, como uma forma de dar voz a um outro campo além do especular e destrutivo dessas relações.

Para isso, é preciso escutar de um outro lugar mais além dessas diversidades conflitivas. Podemos nos desprender de muitas coisas que foram ditas e incutidas em nós em tempos tão primários que não tínhamos recursos para entendê-los e que, portanto, permaneceram como marcas indeléveis, impressas como um made in. É aí que entram certos valores políticos, religiosos, morais, éticos, gostos e desgostos, que permanecem em nossa identidade como traços de ancoragem para o nosso ser.

Há algo inegociável em cada um de nós: “Eu não sou sem isso!”. Por outro lado, experimentamos uma rejeição primária a certas coisas que não conseguimos deixar entrar pela fresta do desejo e algo em nós emite um “Isso não!”. Simplificando, nossa estrutura psíquica se constitui por um sim e um não. Quando um jogo se estabelece entre polaridades de ideias, times de futebol etc., é porque algo dessa identidade, que na verdade são apenas traços, se revestiu de significados, ideologias, tomou cores e sentidos e, com isso, ficamos presos a representações e incapazes de constatar que somos além disso.

SABER QUE SOMOS ALÉM DE UM PARTIDO, UM TIME, É SE ABRIR PARA A REFLEXÃO, A INTELIGÊNCIA, A CRIAÇÃO, A INVENÇÃO DE POSSIBILIDADES

Saber que somos além de um partido, além de um time ou de quaisquer outras formas que nossa identidade tomou é se abrir para a reflexão, a inteligência, a criação e a invenção de outras possibilidades. Se precisamos nos agarrar a um traço para sustentar nosso ser de falta, saber que é só um traço nos permite defender nossas ideias e valores de uma forma menos passional e repetitiva, mais lógica e criativa.

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