Grande vencedor foi projeto que acompanha gestantes em Teófilo Otoni.
Dez iniciativas de enfrentamento à mortalidade materna e infantil realizadas em municípios de Minas Gerais receberam, na noite desta terça-feira (3/10), o Prêmio Mellyssa, que reconhece as boas práticas na Atenção à Saúde Materna e Infantil. Cerca de 70 projetos concorreram ao prêmio. O grande vencedor foi o projeto do enfermeiro de Teófilo Otoni, Jorge Guedes Borborema, que leva o pré-natal às grávidas que moram longe das unidades de saúde na cidade do Vale do Mucuri.
“Em 2016, eu avaliei que o acesso das gestantes ao pré-natal era muito ruim e muito caro. Elas tinham que pagar, às vezes, de R$ 50 a R$ 100 para irem até a unidade de saúde. Achei injusto elas pagarem porque eu poderia ir até a casa delas. E foi assim que eu iniciei o projeto. Fiz o que posso para atender bem aos meus pacientes. Alcancei o primeiro lugar neste prêmio fazendo o que eu gosto e levando saúde para as pessoas que mais precisam. Então, eu agradeço a todos pelo apoio, pela oportunidade, e me coloco disponível para propagar esse projeto para diminuir a mortalidade materna e infantil”, disse o vencedor do prêmio Mellyssa.
O procurador-geral do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), realizador da premiação, Jarbas Soares, parabenizou o projeto e incentivou que a ideia seja replicada e difundida em todo o estado. “Parabenizo ao Jorge, pois sua ação traz luz para nossa sociedade. São atitudes que despertam esperança e vida, seja nos grotões ou nos grandes centros de Minas Gerais, contemplando, como sabemos, a parte mais pobre da sociedade. É importante que este projeto seja compartilhado com todos os municípios e com todo o Brasil”, afirmou.
A entrega da homenagem encerra o Seminário Políticas Públicas de Proteção à Saúde da Mulher e da Gestante, promovido pelo Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde (CAO-Saúde) do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).
Prêmio Mellyssa
A premiação, lançada pelo MPMG em março deste ano, tem o intuito de identificar, reconhecer, valorizar, divulgar e disseminar ações e medidas efetivas de enfrentamento à mortalidade materna e infantil nas cidades mineiras.
A iniciativa é coordenada pelo Ministério Público de Minas Gerais, por meio do CAO-Saúde, em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde e o Ministério da Saúde.
O nome Mellyssa é o símbolo de uma triste realidade que o Brasil ainda vivencia: a morte infantil por causas evitáveis. A pequena bebê que dá nome ao prêmio morreu logo após o nascimento, em decorrência de uma infecção congênita cujo exame de detecção deve fazer parte do pré-natal. Mesmo tendo sua mãe passado por várias consultas médicas durante a gestação, a doença só foi diagnosticada no final da gravidez, quando o quadro já era irreversível para a bebê.
A morte de Mellyssa poderia ter sido evitada se, desde o início do seu desenvolvimento no ventre, a condição tivesse sido identificada e tratada.
Estado
A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), representada pelo secretário e médico Fábio Baccheretti, também foi homenageada pelas ações de redução da mortalidade materna e infantil. O vice-governador, Professor Mateus, participou da cerimônia de entrega do Prêmio Mellyssa.
“Pensar em assistência médica em um estado com dimensões continentais como Minas Gerais é um desafio agravado. Cada uma das nossas regiões de saúde é maior que alguns países da Europa. E, mesmo diante disso, saber que temos índices de mortalidade materna e infantil em queda, com o estado entre aqueles que estão melhor funcionado em políticas públicas neste sentido é, para mim, motivo de alegria e orgulho”, ressaltou o vice-governador.
Segundo ele, o compromisso do Governo de Minas é efetivamente zerar as mortes evitáveis de mães e bebês, por meio de um acompanhamento que seja mais presente e mais efetivo. “E nós temos agido para isso. No caso dos recém-nascidos, ampliamos a nossa condição de assistência e de cuidados intermediários ao longo dos últimos anos e temos investido em treinamento de pessoal para que a gente possa ter equipes que sejam capazes de reagir com mais velocidade e de forma mais assertiva às complicações. Também temos investido em atenção primária como nunca se investiu antes no estado. Só neste ano, vão ser mais de R$ 450 milhões aplicados na construção de unidades básicas de saúde”, acrescentou Professor Mateus.