Economia

Surpresas na economia?

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Imagem de Nattanan Kanchanaprat por Pixabay

 

Crescimento do PIB voltou a superar positivamente as expectativas

 

          No segundo semestre, o crescimento do PIB voltou a superar positivamente as expectativas, alcançando 0,9% em relação ao primeiro trimestre deste ano. No primeiro semestre, a economia já havia surpreendido os analistas, crescendo 4,0% em relação ao último trimestre do ano anterior.

          No primeiro trimestre, o PIB havia crescido mais do que o esperado em razão do impacto da safra agrícola, que este ano bateu novo recorde. Agora, o mercado aguardava uma retração maior no segundo semestre. No entanto, não foi o que aconteceu. A produção agropecuária recuou apenas 0,9% e a indústria surpreendeu crescendo 0,9%. A expansão da indústria foi puxada pelas atividades extrativas (1,8%) e pela construção (0,7%). Do lado da demanda, o crescimento foi estimulado pelo consumo das famílias (0,9%) e do governo (0,7%).

          A taxa de desemprego também caminhou no mesmo sentindo, atingindo seu menor patamar (8%) em nove anos.

          Governo e mercado correm eufóricos para refazer suas estimativas de crescimento para este ano, apostando em algo acima de 3%. Seria surpreendente? Não é o que os próprios dados do IBGE nos mostram. Na série de variação do PIB anualizada a cada trimestre, isto é, comparando-se quatro trimestres com os quatro trimestres anteriores, observa-se que a economia já vinha expandindo nesse nível deste o início do ano passado.

           No primeiro trimestre daquele ano, o crescimento anualizado bateu 5,2%, seguido de 3,2%, no segundo trimestre, 3,0%, no terceiro trimestre, e 2,9%, no último trimestre. Neste ano, o crescimento anualizado no primeiro trimestre chegou a 3,3%. Mesmo se ficar estabilizado nos próximos dois semestres, o PIB neste ano acumulará crescimento de 3,5%.

 

“No futuro não muito distante, aumentos nos endividamentos colocarão um fim na festa”

 

         A questão, de fato, é quanto tempo a festa vai durar? A economia está expandindo deste o ano passado estimulada pela demanda, aumento dos gastos do governo e do consumo das famílias. Os investimentos não crescem em velocidade adequada para garantir a expansão da economia no médio prazo. Por isso, o crescimento atual não é sustentável.

          No futuro não muito distante, aumentos nos endividamentos das famílias e do governo colocarão um fim na festa. Aproveite quem puder, pois, em economia, não há surpresas, tampouco milagres.

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